Na Chinatown de San Francisco está um prédio pequeno,
despretensioso. Conhecido pelo público geral como Centro de
Estudo Budista do Norte da Califórnia, é famoso entre Street
Fighters por ter se tornado um lugar de reflexão e recuperação.
Quando a pressão do Street Fighting torna-se demais,
quando um lutador perde seu caminho ou precisa retirar-se
do mundo, este é o lugar para vir. Mestre Takashi, o monge
Zen que administra o Centro Budista, é conhecido como um
homem honrado e um místico sábio.
O Centro foi fundado no início da década de 1970, no auge
da “Era de Aquário” – quando paz, amor e filosofia oriental
eram populares. Os jovens americanos vinham ao Centro para
aprender sobre o Budismo Zen, para “sair do mundo e entrar
em sintonia” e ficar mais íntimos de si mesmos. A qualquer
hora havia uma dezena de estudantes recitando koans budistas
em busca de iluminação. A sabedoria transcendental viria a
quebrar o pensamento lógico e entrar em contato com o subconsciente,
buscando respostas em seu interior. Em 1976, contudo,
o Centro encarou tempos difíceis. As pessoas pararam de
vir, e o prédio ficou quase vazio. A América mudou para uma
nova moda.
Durante este tempo, com poucos alunos para ensinar, Mestre
Takashi sustentou-se com ajuda dos moradores locais. Dedicou-
se ao serviço comunitário, realizando trabalhos ocasionais
em troca de comida ou outros serviços. Ele interviria em
nome de um residente, auxiliando os doentes, adivinhando o
futuro ou orando a Buda por assistência. Eventualmente, isso
lhe trouxe problemas com uma Tong (uma espécie de gangue chinesa) local.
Na década de 1980, os sindicatos do crime chineses de Hong
Kong se mudaram para muitas grandes cidades americanas. Os
Crimson Tigers eram o tal sindicato que havia se mudado para
o bairro de Mestre Takashi. Eles exigiram dinheiro de proteção,
venderam drogas e introduziram a prostituição na área. Chinatown
se tornou um lugar mais perigoso para viver e o índice de
criminalidade aumentou.
Os comerciantes e moradores locais imploraram pela ajuda
de Mestre Takashi. Ele interveio quando a Tong tentou assaltar
um comerciante e ele expulsou os traficantes de drogas das esquinas
próximas. Os Crimson Tigers estavam felizes em deixar
o monge sozinho para queimar incenso e meditar, mas quando
Mestre Takashi começou a se intrometer em seus negócios, a
Tong reagiu. Eles vieram para intimidar Mestre Takashi e ele os mandou
para uma longa estadia no hospital. Ao redor do bairro, histórias se espalharam sobre as proezas
de artes marciais do monge, de como ele derrotou sozinho dez
bandidos e desviou seus golpes como uma árvore se curva perante
o vento. Eventualmente, embora Mestre Takashi tenha
sido incapaz de se livrar completamente da Tong, os Crimson
Tigers desistiram das quadras ao redor do Centro Budista e se
concentraram em outras áreas. O impasse continua até hoje.
Em 1988, um famoso Street Fighter com posto quase de
Guerreiro Mundial veio até Mestre Takashi procurando por
ajuda. Antes de vir até Takashi, Ian Dixon tinha estrelado recentemente
um filme de artes marciais de sucesso que lhe rendeu
muito dinheiro e fama. Pessoas cercaram-lhe com ofertas
de outros papéis, e propostas de negócios choveram de uma
linha de mercado de vitaminas, suplementos de artes marciais
e uma rede de escolas. Ele praticou pouco e gastou mais
tempo vivendo uma boa vida; tornando-se cheio de si, o seu Kung Fu enfraqueceu-se. Tolamente, como parte de um golpe
publicitário, ele concordou com uma luta muito anunciada em
Las Vegas contra um adversário mais fraco. Dixon perdeu feio.
Posteriormente, as ofertas sumiram, seu empresário o deixou
e ele se viu sozinho. Buscando por si mesmo, tentando recuperar
o seu centro, seu foco, Dixon veio até o Centro Budista.
A princípio, Mestre Takashi se recusou a ensinar Dixon. Takashi
sentiu que Dixon não estava falando sério sobre “ajudar
a si mesmo” e estava mais interessado em piedade. Mas Dixon
persistiu, e Takashi viu algo enterrado dentro do “antigo” Dixon
– o coração, a dedicação e a honra que ele possuía antes de
perder seu rumo. Ele aceitou Dixon e, através de meditação
e dedicação ao serviço, Dixon se tornou uma nova pessoa. A
notícia do retorno triunfante de Dixon ao Street Fighting e o
papel de Mestre Takashi no assunto espalharam-se rapidamente.
Outros guerreiros começaram a vir ao Centro de Estudo
Budista. Aparentemente, de um dia para o outro, o Centro foi
transformado de um prédio vazio a um destino popular para
guerreiros e estudantes.
Do lado de fora, o edifício parece com um simples prédio
de tijolos de três andares, com apenas um pouco de esplendor
arquitetônico tal qual um telhado arrebitado e telas de malha
vermelha nas janelas para distingui-lo. Não há sequer uma
sinalização anunciando sua localização– pretensos visitantes
devem perguntar ao redor pelo endereço. No interior, o edifício
é aberto e arejado. Muitas das paredes internas são telas
de deslizamento japonesas, e um tatame cobre o chão de madeira.
Em vez de camas, os visitantes dormem em futons (futon
é um tipo de colchão usado na cama tradicional japonesa).
No pátio central do edifício existe um jardim Zen, onde os visitantes
podem meditar; pedras ásperas e cobertas de musgo
estão em meio a um mar de pedras brancas. O edifício pode
acomodar até três dúzias de pessoas. Os visitantes estão autorizados
a ficar no Centro de Estudo Budista por quanto eles
quiserem. O único pagamento exigido é a realização de tarefas
simples ao redor do prédio, quando necessário – e sempre existe
algo para fazer.
Este é o lugar onde os Street Fighters podem se isolar das
pressões de suas carreiras, para curar tanto a mente quanto o
corpo. Massagem shiatsu e banhos comunitários removem a
tensão. Cura oriental antiga está disponível para a reabilitação
do corpo, enquanto a meditação ajuda a dominar os demônios
interiores ou escapar das preocupações do mundo. Com um
fluxo de entrada de doações de Street Fighters gratos, o edifício
foi reformado e uma equipe de nutricionistas, massagistas
e fisioterapeutas foi contratada. A sabedoria de Takashi é
procurada avidamente, e ele recentemente está admitindo
estudantes para ensinar-lhes Aikido. Ele também permite que
outros Street Fighters – aqueles com motivos puros e conduta
apropriada – usem suas instalações para treinar seus próprios
alunos. Assim, os lutadores que não têm recursos para abrir
sua própria escola de artes marciais podem passar os seus
conhecimentos para a nova geração.
Idéias de Histórias
O Centro Budista pode facilmente ter um papel central
numa crônica, como um refúgio para personagens cansados
ou feridos ou um lugar para buscar sabedoria e instrução de
um sábio. Outras idéias incluem:
- As Tongs, temendo que Takashi lidere os Street Fighters
e expulse-as de Chinatown em conjunto, formaram uma
aliança e começaram a recrutar seus próprios Street Fighters.
Estes lutadores começaram a atormentar os residentes
ou visitantes do Centro.
- Quando o Centro Budista estiver pouco visitado, os Crimson
Tigers planejam atacar seu velho inimigo e colocar o
Centro de Estudos Budista fora dos negócios. Os personagens
pegam o gancho deste plot, ou Takashi poderia pedir-
lhes ajuda, ou eles estariam no local quando o ataque
ocorresse.
- Os Street Fighters chegam ao Centro apenas para encontrá-
lo abandonado, e perceber que Mestre Takashi está
desaparecido. O rastro leva a Mriganka…
Centro de Estudo
Mestres Zen usam pequenas histórias para confundir seus
alunos. Estas são chamadas de koans. Elas são especificamente
vazias em sua apresentação, mas quando os estudantes
vierem a entender o “nada”, eles também chegarão
a compreender os koans.
– Miyamoto Musashi, O Livro dos Cinco Anéis
A escola Budista Zen desconfia do uso de bolsas estudos
– o estudo das escrituras (sutras) budistas – e da lógica para
alcançar a introspecção. Tais métodos podem apenas distorcer
a natureza de Buda e prolongar a ligação ao mundo
das formas. Na Escola Rinzai de Budismo Zen, à qual Mestre
Takashi pertence, a iluminação vem depois de esvaziar
completamente a mente, para que a realidade possa ser
experimentada diretamente. Para alcançar esta transformação,
os estudantes lutam contra charadas enigmáticas,
ou koans, para as quais não há resposta correta. As tentativas
de resolver o insolúvel decompõem as paredes do ego,
destruindo a estrutura conceitual que liga o mundo espiritual,
conforme o estudante se esforça para encontrar a resposta.
Aos alunos são feitas perguntas como:
- Podem os cães ter a índole de Buda?
- O que é realidade?
- O Universo existe ou não?
- Como?
- Qual é o som do aplauso de um homem que possui apenas
um braço?