Nelson Machado

Nelson Machado Se você considera-se fã de Street Fighter, com certeza deve se
lembrar da clássica frase: "Nós vamos ao encontro do mais forte!". Pois
é, a voz é de Nelson Machado, ator e dublador profissional que além de
ter trabalhado com Street Fighter também dublou InuYasha
(Jake), Cavaleiros do Zodíaco (Caronte de Aqueronte), o Quico do
Chaves, Wesley Snipes (Blade), Robin Willians (diversos filmes), entre
outros. 

Uma extensa lista de seus trabalhos, bem como a biografia completa de Nelson pode
ser encontrada na Wikipedia. A seguir, um pouquinho da história deste ilustre profissional.

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1) Nome, idade e ocupação profissional atual.

R: Nelson Machado, 55 anos, sou ator, tradutor e ainda dublo um pouco, embora menos do que dublei a vida toda.
 
2)
Com quantos anos começou a trabalhar com dublagem?

R: Comecei com 14 anos, em 1968.

3) Como foi que iniciou sua carreira?
R: Minha mãe era dubladora. Eu ia pro estúdio com ela quase todos os dias. Um dia o diretor José Soares perguntou se eu queria fazer em vez de só assistir. Assim comecei e não parei mais.

4) Qual o trabalho mais marcante de sua carreira (em termos de satisfação e não rentabilidade)?
R: Em termos de satisfação, gosto muito de dublar o Roberto Benigni, o Robin Williams e adorei dublar a série Darkwing Duck.

SF2-V - Nós vamos ao encontro do mais forte

5) Como surgiu a oportunidade de trabalhar com Street Fighter pela primeira vez?

R: O trabalho foi mandado para a Megassom. Eu era diretor de dublagem de lá. O mais jovem da equipe, embora já tivesse quase quarenta anos. Como era uma animação de heróis, a direção da casa entregou a série pra mim.

6) Conte-nos um pouco dessa experiência com a dublagem das séries de Street Fighter!
R: Isso já é um pouco difícil. Não foi uma “experiência”. Como eu disse, comecei a dublar em 1968. Fazer narrações de aventuras (referindo-se ao Narrador de SF2-V) não era exatamente uma novidade pra mim. E o Blanka nem falava. Só falou um pouco no filme do Van Damme, mesmo assim, enquanto não era exatamente Blanka.

7) Qual seu personagem favorito de Street Fighter?
R: Na verdade eu gostava da Chun Li, mas acredito que era mais pela maneira como a Tânia Gaidarji a dublava.

8) Você tinha acesso a algum material sobre os personagens de Street Fighter antes de dublá-los?
R: A Columbia mandou alguns desenhos com os nomes e algumas descrições de personalidades. Além disso, fui bater um papo com a garotada que jogava Street Fighter nas máquinas de shoppings pra ter uma idéia de como eles chamavam os golpes.
 
9) Você foi diretor de dublagem do longa Street Fighter 2 – Movie. Como surgiu esta oportunidade e como foi a experiência?
R: Fui diretor de tudo o que foi feito em termos de Street Fighter em São Paulo. Novamente, não foi uma “experiência”. É preciso entender que a gente dubla um filme em dois dias e meio, no máximo. E que o diretor, enquanto está fazendo um, já está assistindo ao próximo. Não há como ter grandes envolvimentos.

10) Você disse que um filme é dublado em cerca de dois dias e meio? Puxa, sempre imaginei que fosse algo que durasse em torno de algumas semanas.
R: Eu disse dois dias e meio porque me referia ao tempo da Megassom, quando dublávamos em U-Matic. Hoje, dublando em Pro-Tools, o tempo médio para a dublagem de um longa-metragem de 90 minutos é de 18 a 24 horas. Um episódio de série de 23 minutos é dublado em 7 horas, no máximo. O que significa que cada dublador leva, no máximo, uma hora e meia para fazer esse episódio. Portanto, ele pode dublar, num horário comercial de oito horas, no minimo três coisas diferentes por dia. No fim de uma semana, ele pode ter participado de, no mínimo, 15 produções diferentes! Por isso não há envolvimentos e por isso um ano depois não há como lembrar dos detalhes que vocês vivem cobrando que a gente lembre! 🙂

11) Além de Street Fighter, você teve outros trabalhos com personagens de animes como em Fatal Fury, The King of Fighters, Cavaleiros do Zodíaco e InuYasha. Como é a sensação de ouvir sua voz em animes famosos como esses? O que as pessoas fazem quando reconhecem sua voz e a associam aos seus trabalhos?

Quico - voz de Nelson Machado R: As pessoas constumam associar minha voz mais aos atores de filmes americanos e ao Quico da série Chaves. Às vezes aparece alguém que me associa ao Jaken do Inu Yasha ou ao Caronte dos Cavaleiros, embora esse tenha aparecido apenas em um episódio. Mas são poucos os que ligam minha voz a desenhos japoneses.

12) RPG?
R: Já ouvi falar, sei do que se trata, mas não joguei.

13) Está
trabalhando em alguma dublagem atualmente?

R: Dificilmente dublador “está trabalhando” em alguma coisa. A gente só sabe o que vai fazer no momento em que chega no estúdio. Em séries, às vezes, a gente consegue saber um pouco mais sobre o trabalho. Mas, como eu já disse, tenho dublado muito pouco, por isso tenho evitado as séries que costumam tomar mais tempo. Então nunca dá pra saber o que vou fazer. A última série que fiz foi uma sitcom mexicana chamada "E Agora, O Que Faço".

14) Como você vê o mercado nacional atual para os dubladores?
R: Não há um “mercado nacional”. O mercado está reservado a Rio de Janeiro e São Paulo. Não se faz dublagem em nenhuma outra cidade do país. Há alguns trabalhos feitos em Santos, mas só de narrações de documentários. Quando houve a greve de roteiristas americanos, o trabalho caiu um pouco por aqui. Mas muito pouco. Na verdade, sumiram algumas séries. Mas a procura por filmes dublados em salas de cinemas e em DVDs tem aumentado. Isso faz com que distribuidores se animem a mandar dublar seus lançamentos. Às vezes escuto colegas reclamando que a coisa está feia. Mas você já viu brasileiro, de qualquer área, em qualquer época, não reclamar que a coisa está feia?

15) Dê uma dica para quem está começando ou para quem deseja ingressar no mercado de dublagem no Brasil!
R: Não há grandes dicas. A primeira coisa e ter talento como ator. A segunda coisa é conseguir um registro profissional de ator junto à D.R.T. E depois entrar em algum curso de dublagem, dentre os muitos que surgiram nos últimos anos em São Paulo e no Rio. Por fim, se preparar para batalhar por bastante tempo até conseguir uma chance e, quando ela vier, mostrar do que é capaz.

Nelson Machado

Valeu Nelson pela colaboração e parabéns pelos excelentes trabalhos!! Gostou? Acompanhe seu trabalho de perto assistindo ao programa "Versão Brasileira" no canal online Capricórnio e leia o seu blog pessoal Mudando de Assunto.