Conspiração Total
Capítulo I: Lutas e
Trapaças
Japão, Tóquio, 22 de Janeiro de 1987
Kaneda olhava as ruas e percebia como a cidade estava em constante mudança. De fato,
quando morava aqui não percebia isso. Mas em mais de três anos que esteve fora pôde
perceber... Por pouco não se perdeu tentando achar o caminho de casa! Mas se lembrou.
Era a mesma ladeira, as mesmas árvores, a mesma pracinha, o mesmo ar de interior
do seu bairro.
Por um instante Kaneda pensou em ir correndo para a casa de Key. Mas algo o segurava.
Ele preferiu ir ver sua mãe primeiro. Kaneda, agora mais forte, tinha um ar de superioridade.
Takashi tentava corrigir isso no garoto, mas não dava certo. Porém Takashi sabia
que com a primeira derrota Kaneda ia cair na real.
Kaneda estava agora no portão de casa. Ele quase bateu palmas. Depois caiu na real,
'Esta é minha casa!'. Kaneda abriu o portão silenciosamente e entrou rindo da própria
atitude. Ele abriu a porta, e viu Kaori se virando assustada. Após virar-se, ela
ficou alguns segundos olhando pra ele, mergulhada num turbilhão de sentimentos.
– Filho! Filho, você voltou! – Kaori pulou, o abraçou e começou a chorar.
– É mãe, voltei!
– Está tão grande, tão forte! Estava morrendo de saudades, filho!
– Eu também, mãe!
Continuaram abraçados. Mesmo com as cartas de Kaneda Kaori achou que não o reveria
mais. Eles então sentaram-se e conversaram muito. Kaori paparicou o filho, servindo
para eles muita comida e bebida! O tempo passou depressa. No fim da tarde, porém,
Kaneda se despediu novamente:
– Devo ir agora, minha mãe.
– Ir aonde, filho?
– Eu tenho coisas para fazer, mãe. Agora vou buscar a Key na casa dela, e
partirei para os EUA. Lutarei num torneio secreto lá.
– Torneio?
– É... O Sensei Takashi mandou eu lutar para me aperfeiçoar. E preciso ficar
forte para vingar o papai! Já fazem quase dez anos...
– ... – Kaori derramou algumas lágrimas.
– Por favor, mãe... Odeio despedidas...
– Kaneda, seu idiota, como faz isso comigo!
– Mãe...?
– Droga! Me desculpe... Eu te entendo... Mas espero que pelo menos ligue e
me escreva...
– Claro! Agora vem cá, mãe. Me dá um abraço!
Se abraçaram por algum tempo. Depois Kaori o levou até o portão, e Kaneda se foi,
sumindo ao virar a esquina. Kaori sentiu uma grande dor, apesar de estar feliz com
a persistência do filho. Ela sorriu, mesmo com as lágrimas que derramava.
Algum tempo depois, Kaneda já estava parado no portão de Key. Ele não tinha coragem
de bater, de chamá-la, de fazer nada. Um estranho sentimento o consumia, parecendo
apreensão. Kaneda olhou e a viu saindo pela porta da frente. Era o momento:
– Key!
– Ahn? Quem está aí?
Kaneda saiu de onde se escondia e ficou no portão, olhando para ela. Ele estava
com um fraternal sorriso no rosto. Key estava muito linda, já era uma mulher! Ela
ficou perplexa por alguns segundos, parecendo não acreditar. Mas ao invés de ir
correndo ao encontro de Kaneda, Key deu um passo para trás e tropeçou, caindo sentada
no chão.
Kaneda, já mais confiante, abriu o portão e entrou, se aproximando. Key estava pálida.
Ele se aproximou e passou a mão no seu rosto, colocando atrás da orelha a mecha
de cabelos que estava caída sobre seus olhos. Ainda sorria. Os lábios de Key estavam
brancos.
– E então, não me dá nenhum abraço?
– Eu achei que nunca mais ia te ver! – Key se aproximou vagarosamente,
já derramando algumas lágrimas.
– Por que não me abraça, está com medo de mim?
Kaneda a levantou puxando-a pelo braço. Enfim a beijou. Key não fazia nada, parecia
que algo a impedia de se entregar ao sentimento e ao momento. Kaneda, percebendo
isso, soltou-a, mas continuou beijando. Key rapidamente se afastou.
– O que houve?
– Me
desculpe, Kaneda... Mas eu não sei o que
está acontecendo... Parece quê... Parece que estamos tão distantes...
Kaneda não entendeu. Mas estava com tantas saudades dela que não ligou. Seu rosto
meigo deixou Kaneda muito sensibilizado. Key só olhava para ele, assustada. Ele
então interrompeu o silêncio:
– Não vai me convidar para entrar?
– Ahn...? Ah é! Venha!
– Seus pais estão?
– Sim!
Kaneda entrou, e cumprimentou os pais de Key. Ele já os conhecia do passado, e pela
amizade deles com Mark, eles aprovavam o namoro com muito gosto. Mas agora algo
estava diferente. Então Joutaro, o pai de Key o chamou para conversar.
– O que houve, Joutaro-sama?
– Você ficou um bom tempo sumido, hein Kaneda!
– Eh, hehe... Eu estava em Okinawa treinando com Sensei Takashi.
– É, eu sei... A Key me contou... Aliás, ela não parou de falar de você nesses
40 meses!
– Sério? Que bom...
– É, talvez seja...
– ... – Kaneda não entendia a rigidez com que Joutaro estava lhe tratando.
– Key já tem dezessete anos, Kaneda. E há dois meses ela não quis namorar
com o Matahachi, da família Yabuki, uma das mais tradicionais de Tóquio. E tudo
por sua causa!
– Eu não entendo, senhor...
– Você deixou uma semente no coração da minha filha. E agora voltou. Eu quero
saber o que pretende!
– Bom, já que o senhor tocou no assunto, eu vim pedir sua permissão para levá-la!
– Levá-la?!
– Sim... Estou com muita saudade, e vou participar de um torneio nos EUA...
Se o senhor permitisse, eu queria levá-la.
– E depois?
– Depois o quê? – Kaneda não entendia onde ele queria chegar.
– Você quer levá-la para sempre?
– Não estou entendendo...
– Que droga Kaneda! Quero saber se pretende se casar com ela!
– O quê?! – Kaneda foi pego de surpresa.
– Já entendi... Quer apenas manchar a honra de Key para depois abandoná-la.
Se é isso que quer, suma daqui!
– Não, longe disso! Eu vim buscá-la para sempre! Ela já terminou os estudos,
e eu terminei meu treinamento. Quero começar minha vida com ela desse ponto!
– Se é isso, Kaneda, então fico feliz. – Sua raiva anterior foi substituída
por um amigável sorriso.
Kaneda já esperava na sala com Akima, mãe de Key há algum tempo. Ele não entendia
o motivo da demora. Key devia estar feliz de estar indo com ele para sempre. Seu
pai explicava tudo para ela no quarto. Kaneda, cansado de esperar, se levantou e
foi para fora.
Akima se levantou e entrou no quarto. Após mais alguns minutos Key apareceu, com
uma mala e marcas de lágrimas no rosto. De fato, ela queria muito ir com Kaneda,
e sempre visitaria os pais. Mas algo parecia distanciá-la dele. Kaneda então a puxou
pelo braço e a levou.
Oceano Pacífico, 25 de Janeiro
Kaneda e Key já estavam no iate dos Masters há dois dias. Durante a viagem, ela
e Kaneda conversaram pouco. A intimidade antes até exagerada fora roubada em três
anos e alguns meses. Depois que chegaram no iate, os beijos foram poucos, e nem
dormiram juntos.
– Key!
– O que houve, Kaneda?
– Eu preciso falar com você.
– Pode falar.
– O que está acontecendo com a gente?
– Como assim?
– Ainda pergunta! Key, eu te amo, você parece que me ama mas não namoramos
de verdade desde que nos encontramos!
– É claro que eu te amo! Mas eu não sei o que houve... Parece que estamos
distantes...
– Key, eu estou aqui... E tento ficar o mais perto que posso de você... Mas
você tem uma barreira...
– Depois desses anos todos fiquei com um pouco de medo de você...
– Medo?! Key, venha cá.
Ela se aproximou. Kaneda a puxou repentinamente e a sentou em seu colo. Então a
abraçou levemente. Ela não estava nada natural. Ele começou a fazer carícias em
seu rosto, em seus cabelos. Key então soltou todo o ar que segurava com a tensão,
fechou os olhos e deitou no peito de Kaneda. Ela parecia querer se entregar finalmente.
– Isso... Key, eu estou aqui... Estou aqui pra te proteger... E não te deixarei
nunca mais... Eu te amo...
Ela então beijou de leve os lábios de Kaneda. Ele retribuiu, e ambos começaram a
se beijar. Os beijos começaram a ficar muito mais intensos, e Kaneda começou a tocar
sua cintura. Logo uma de suas mãos a tocou num dos seios. Assustada pelo misto de
prazer e susto, Key deu um pulo e se afastou dele.
– O que houve?
– Me
desculpe, Kaneda... Mas ainda tenho insegurança...
– Que droga!
Kaneda socou a parede e saiu, batendo a porta do luxuoso quarto do iate. Ele e Key
eram virgens, mas ele não esperava que fosse assim depois de três anos sem revê-la!
Kaneda esperava grandes emoções...
Lá fora, viu muitos na piscina, no dia que começava. Ficou observando o horizonte.
Então, uma voz falava no microfone e chamou a atenção de todos:
– Olá, senhoras e senhores! Meu nome é Ken Masters, e estou começando a lutar
no street fighting agora. Mas, para descobrir como é de verdade, pedi para meu empresário
promover esse torneio. Será um torneio individual, e o prêmio para o vencedor é
de 10.000 dólares! Isso mesmo, 10.000 dólares! Agora passo o microfone para Will,
meu empresário!
– Bom, como o Sr. Masters já disse, teremos um grande prêmio. São lutas de
Estilo Livre, e também daremos 5.000 dólares para o segundo colocado e 2.500 para
os que perderem na semi-final! Espero que divirtam-se todos, as apostas estão abertas
e as chaves serão sorteadas agora!
Kaneda olhou para os lados, buscando seus oponentes. De repente, ouviu algum barulho:
– Ei, fica na tua!
– Ah, qualé meu, você fica esbarrando nos outros!
Kaneda se aproximou.
– E você, o que que 'tá olhando? – disse um deles, olhando para Kaneda.
– É... Eu... Nada! Só ouvi vocês discutindo e me aproximei. Vão lutar no torneio?
– Vamos sim! – disse o outro, que era alto, usava um gi branco e tinha
cabelos ruivos.
– Como se chama? – perguntou Kaneda para o ruivo, menos antipático.
– Hwoarang. E você?
– Kaneda. Nome diferente, é de que país?
– Coréia do Sul, e você deve ser japonês, certo?
– É... Sou...
– Hum, esse nome me faz lembrar duma bela moto!
– Você está falando de Akira?
– É... Eu lia há alguns anos... Mais ou menos quando começou, em 1982.
– Ah sim... Eu li alguns... Mas faz tempo que é Street Fighter?
– Estou começando hoje, e você?
– É, eu também!
– Humf, que pena que vou te derrotar. – desafiou Hwoarang.
– Que confiança, hein!
Kaneda então se lembrou do outro. Virou-se pra ele, tentando ser amigável:
– E qual é o seu nome?
– Chong-Li.
– É Street
Fighter faz tempo?
– Não, também estou começando... Mas agora já vou indo, vou lutar!
– Está certo!
Kaneda virou-se novamente para Hwoarang, mas este já havia se afastado uns dez metros.
Kaneda se aproximou dele, e Hwoarang disse:
– É, se você for bom, te derrotarei na final! – Hwoarang apontava para
o quadro de lutas, mostrando que os dois só poderiam se enfrentar na final.
– Humf... Espero que não seja só um blefe! – Kaneda sorriu, um sorriso
confiante.
– Vai ver!
– Kaneda! – Key gritou, se aproximando.
– Ah, Key.
– Hei, quem é a gatinha? – disse Hwoarang, com um sorriso sarcástico
no rosto.
– Meu nome é Key, qual é o seu?
– Hwoarang, à seu dispôr.
– Ei, vai devagar! – disse Kaneda, com uma ponta de ciúmes.
– Eu quero conversar com você, Kaneda.
– SR. KANEDA E SR. CHENG, POR FAVOR NA ARENA!
– Agora não, Key. Preciso ir!
– Boa sorte! Quero te pegar na final! – disse Hwoarang.
– E estarei lá!
– Boa sorte! – disse Key, beijando-o apaixonadamente – Estarei
torcendo por você!
– Está bem!
A atitude dela deu a Kaneda um confiança maior. Mas agora deveria entrar na arena.
Kaneda entrou e se preparou, com alguns golpes no ar. Estava se lembrando do treinamento
agora. Um estranho frio percorria seu corpo. Era a sua primeira luta como um Street
Fighter!
Cheng olhou para ele com muita raiva. Kaneda se aproximou, e fixou as pernas no
chão. Ele ouviu algumas vozes dizendo na platéia 'É um karateca!'. Cheng começou
a dar pequenos saltos e respirava mais intensamente. De repente, o juiz autorizou:
– Lutem!
Kaneda ficou em posição de bloqueio, esperando o ataque de Cheng. Cheng atacou-o
com um rápido chute, que foi defendido. Agora Kaneda desferiu um soco. Cheng ainda
tentou chutá-lo novamente, mas o soco de Kaneda foi um tanto forte, e derrubou Cheng
no chão. Ele levantou, um pouco tonto.
Cheng ainda se recuperava, e Kaneda se movimentou bruscamente para trás. Alguns
não entenderam porque Kaneda não aproveitou o momento e terminou com a luta. Cheng
então se recuperou, e foi correndo para deferir mais um chute. Kaneda concentrou
seu Chi nas mãos em forma de concha e atacou:
– Hadouken!
Nesse instante, na platéia, Ken levantou com um susto. 'Como ele pode saber o Hadouken?'.
Cheng tentou se levantar, mas não conseguiu. Ele ficou no chão, nocauteado. Kaneda
parecia não acreditar.
– Eu venci!
– E O VENCEDOR É... KANEDA!
Kaneda saiu da arena e correu para o abraço de Key. Ele parecia não acreditar que
havia vencido tão facilmente. Talvez Takashi estivesse errado. Talvez Kaneda fosse
invencível. Ele tinha esses pensamentos grandiosos quando Hwoarang subitamente falou
com ele:
– Boa luta! Agora é minha vez!
Kaneda observava enquanto Hwoarang subia na arena. Ele não pôde prestar atenção
direito no combate. Estava perdido em pensamentos, sobre o circuito Street Fighter
e sua força...
Oceano Pacífico, 27 de Janeiro
As lutas foram muito duras. O torneio foi uma grande exibição, e aumentou suavemente
a fortuna dos Masters com as apostas. Kaneda e Hwoarang estavam na final, como tinham
prometido um para o outro. Eles se encaravam antes da luta começar. Trocaram sorrisos
antes do juiz autorizar...
– LUTEM!
Kaneda ficou esperando Hwoarang atacar. E ele foi, com um poderoso Chute Tesoura.
Hwoarang foi voando e desferiu dois fortes chutes em Kaneda, que apenas se defendeu.
Mas Kaneda ficou muito ferido com o golpe.
Agora era sua vez de atacar. Kaneda pensou: 'devo usar o Shinkuu Hadouken agora'.
Mas um estranho medo o consumiu: 'e se eu falhar?'. Ele teve apenas uma fração de
segundos para decidir. Hwoarang o atacou com um poderoso chute, e Kaneda usou sua
Bola de Fogo:
– Hadouken!
Apesar de forte, o golpe não surtiu tantos efeitos em Hwoarang. Kaneda ficou preocupado,
e atacou com um soco. Mas Hwoarang foi mais rápido, terminando tudo com o seu Chute
Tesoura.
– E O VENCEDOR É... HWOARANG!
– Humf, eu te avisei, Kaneda!
Kaneda acordou no quarto, sendo cuidado por Key. Ele olhou para todos os lados e
para a triste face dela. Ela acariciou seus cabelos, e Kaneda, ainda sério, passou
a mão em seu rosto.
– Eu perdi!
– Não fique assim, Kaneda, foi só uma luta!
– Não...! Eu sou um idiota!
– Do que você está falando?
– Eu podia ter usado o...
Kaneda se levantou subitamente, quase derrubando Key. Ele saiu com passos fortes.
Key foi atrás. Quando chegou, já viu ele falando com Hwoarang, que estava na piscina:
– E então, Kaneda! Me desculpa se eu exagerei...
– Lute comigo!
– O quê? Que brincadeira é essa?
– Lute comigo! Eu te desafio!
– O quê? Quer apanhar de novo?
– Vai fugir de um desafio, Street Fighter?
– O que está fazendo, Kaneda? – Key se intrometeu.
– Não se meta, Key!
– Tudo bem, Kaneda. Só espero que dessa vez aprenda!
Hwoarang trocou sua expressão sarcástica por uma face muito séria. Muitos não entendiam,
mas ele entendia Kaneda. Ele percebia que com a amizade dos dois também nascia uma
rivalidade. Uma rivalidade talvez até mais intensa. No fundo, estava feliz com isso.
Talvez isso desse algum destino para ele.
Ele foi até a bancada de júizes e eles anotaram o desafio. Um deles se levantou
e foi até a arena. Hwoarang e Kaneda subiram nela. Eles se olhavam. Hwoarang então
sorriu, e Kaneda percebeu que ele o entendia. Kaneda sorriu também e ficou em posição
de combate. O juiz autorizou.
– LUTEM!
– Espero que tenha mais coisas para
me mostrar, Kaneda!
– Não vai se arrepender!
Hwoarang partiu para cima dele, e Kaneda apenas se afastou. Kaneda se encostou nas
cordas. Hwoarang foi pra cima novamente, e Kaneda se defendeu do seu chute duplo.
Hwoarang atacou de novo, agora com um Chute Tesoura. Kaneda ainda se defendia.
Hwoarang, furioso, atacou com um forte chute rodado. Mas Kaneda foi mais rápido
e o acertou com seu Bola de Fogo Múltipla:
– Shinkuu... Hadouken!
Hwoarang foi acertado pelas cinco Bolas de Fogo e caiu, nocauteado. Kaneda se surpreendeu
com o poder do golpe. Ele ainda tinha a respiração ofegante, e finalmente comemorou:
– É, eu venci!
Kaneda, cansado pela luta, foi observar o horizonte. Key foi falar com ele:
– Impressionante esse golpe!
– É... Tenho uma poderosa arma nas mãos...
– Por que não o usou na final?
– Eu tive medo de errar... Faz pouco tempo que consegui dominá-lo...
Key então abraçou Kaneda. Agora ela percebeu que estava muito segura com ele. Ela
beijou seu rosto. Kaneda virou-se, sorrindo. Mas, de repente, ele percebeu algo.
Key não entendeu, e ele mostrou pra ela Will fugindo em um bote salva-vidas.
– Isso está estranho, Key...
– Kaneda, os prêmios ainda não foram dados!
– Droga, ele está fugindo! Vamos lá!
– 'Tá!
Kaneda e Key foram correndo pegar um bote. O segurança os questionou, mas Kaneda
disse que apenas iria namorar um pouco com ela. O iate estava parado, portanto,
ele poderia voltar quando quisesse. Eles estavam saindo quando Hwoarang, que se
levantava, falou com eles:
– Grande golpe, Kaneda!
– Ahn?
Ah, Hwoarang! Obrigado!
– Só estava escondendo o ouro... Mas onde os pombinhos estão indo?
– É...
– Vamos namorar um pouco, seu indiscreto! – disse Key.
– Me desculpem, hehe!
Eles então saltaram no bote. Kaneda agredeceu Key. 'Se todos perceberem, Will pode
fugir depressa. Vamos logo atrás dele!'. Eles remaram rapidamente. Quando estavam
há uns cinco metros de Will, ele os percebeu. O iate já estava há uns 30 metros
para trás, e alguns curiosos os observavam de lá.
Will então tirou um motor de uma grande mochila, e colocou atrás do bote. Mas antes
que ele pudesse ser ligado, Kaneda e Key alcançaram-o. Kaneda saltou no bote de
Will, e ele quase virou. Will sacou uma arma, mas Kaneda o socou antes que ele pudesse
fazer algo. A arma caiu no mar.
– Não me mate, por favor!
– O que está fazendo, Will?
– Olha, vamos dividir a grana, cara!
– O quê?
Kaneda o socou novamente, mandando-o para a inconsciência. Ele deu a mala de dinheiro
para Key, e colocou o corpo de Will no seu bote. Key colocou o motor e o ligou.
Cerca de uma hora depois, os vencedores recebiam os prêmios. Will estava algemado
numa escada de ferro do iate. Ken então deu um último prêmio:
– E este é para você, Kaneda, que pegou Will e salvou todos! Tome, 10.000
dólares!
– O quê?! Nossa, muito obrigado!
Todos bateram palmas. De qualquer forma, foi um torneio muito glorioso para Kaneda.
Mas ele aprendeu muito nesse dia. Embora o orgulho tenha feito ele desafiar Hwoarang
e derrotá-lo, ele aprender que ainda tem um longo caminho para trilhar, e que há
muitos outros como ele no mundo.
– Ah, e eu quero convidar todos os participantes do torneio, em nome de meu
amigo Joe Malkovitch, empresário, para um torneio de times que ele vai realizar.
Será amanhã, em Seattle!
– Que droga! – bufou Hwoarang – Não tenho um time!
– É... É uma pena... – disse Kaneda.
– E o pior é que precisa-se de quatro lutadores...
– Eu estava pensando: você luta muito bem Hwoarang, e eu também... O que acha
da idéia de montarmos um time?
– É... Eu gostei! Onde você mora?
– Em Okinawa...
– Eu vou falar com meu pai. Ele também é meu mestre e empresário. Se ele for
comigo, eu topo!
Chong-Li, que ouvia, se aproxima:
– Será que também posso entrar nessa?
– Sai daqui, seu fracote! – protestou Hwoarang.
– Calma, Hwoarang. Ele também é bom... Perdeu para você na semi-final. Além
disso, também vamos precisar de mais um, além dele. O que acha?
– 'Tá bom, 'tá bom! Mas teremos que ir para Okinawa, Sr. Chong-Li!
– Por mim tudo bem...
O barco finalmente chegou em Seattle. Já era manhã do dia 28. Kaneda então sentou
num praça com Key, enquanto Chong-Li comia num bar e Hwoarang ligava para Kim, seu
pai.
– Sabe que eu adorei essa viagem, amor?
– Sério?
– Ahan! – disse ela, abraçando-o fortemente e deitando a cabeça em seu
peito.
– E pode ter certeza que esse é só o começo!
Kaneda e Key se beijaram longamente. Depois ficaram sorrindo para o outro. Com certeza,
as aventuras apenas haviam começado. |