Conspiração Total

Capítulo VIII: O Torneio Street Fighter Alpha

 

Japão, Tóquio, 20 de Agosto de 1990

 

Kaneda aguardava pelo começo de sua luta na rua onde fora marcada. A garota ainda não havia chegado, e ele tentava imaginar como seria sua adversária. Num bar de frente para a rua, Key e Kaori assistiam, torcendo por ele.

Desde que descobriu que era a Shadaloo que mandava na Yakuza, Kaneda passou a se preparar para o torneio Street Fighter Alpha, criado por M. Bison, o cabeça da Shadaloo.

Já estava muito quente, eram quatro da tarde. Um dia quente nessa estação fria. De repente uma jovem veio correndo. Seus cabelos eram curtos, e usava uma faixa branca na cabeça, assim como um uniforme de colegial.

Era ela, Sakura. A oponente de Kaneda enfim chegara. Ela acenou para as amigas assistindo e pediu para os juízes autorizarem o início da luta. Antes dela começar, no entanto, Sakura desafiou Kaneda:

– Então é você que vai lutar comigo?

– Sim.

– Humf, apesar de lembrar o Ryu, você nunca será forte como ele! E só ele pode me vencer, entendeu?

– Ryu? Então você o conhece? – Kaneda se assustou um pouco.

– Isso não interessa! Vamos lutar!

Sakura partiu pra cima, antes que Kaneda pudesse responder. Ela o atacou com seu Deslocamento do Dragão, uma versão modificada do golpe de Ryu e Ken, onde a garota acerta seu oponente várias vezes, mas com impactos mais fracos. Kaneda se defendeu perfeitamente, e Sakura, um pouco intimidada, escorregou e quase caiu.

Kaneda aproveitou seu deslize e a atacou com o seu Bola de Fogo Múltipla. Sakura tentou chutá-lo, mas Kaneda foi mais rápido. As cinco Bolas de Fogo atingiram a jovem, derrubando-a no chão.

– Shinkuu... Hadouken! – gritou Kaneda.

– Aarrgh! – Sakura caiu no chão.

Kaneda ficou esperando ela se levantar. Sakura ainda gemeu, tentando se levantar apoiando-se nos braços. No entanto, com um gemido, ela caiu. Kaneda ficou na posição de luta por mais algum tempo, mas logo percebeu que ela não se levantaria mais.

– E O VENCEDOR É... KANEDA!

 

A torcida de Sakura ficou calada. Logo Key e Kaori invadiram a pacata rua onde a arena fora improvizada e abraçaram Kaneda. Ele beijou a namorada, e abraçou a mãe. Kaneda foi se afastando, mas não conseguia parar de tirar o olho da jovem caída. Ele se espantou com sua determinação. Ela, muito ferida, ainda pôde resistir algum tempo. Como pôde? Kaneda não conseguiu mais parar de pensar nisso pelo resto do dia...

 

Inglaterra, Londres, 20 de Agosto

 

A tarde caía na cidade. Iori já sabia da vitória de Kaneda, e queria que o mesmo acontecesse com ele. O bar não parava de gritar o nome de seu oponente. 'Birdie! Birdie! Birdie!'. Iori estava feliz com o fato de poder se tornar um Guerreiro Mundial com a vitória. Mas enfim seu oponente chegou. Iori pôde perceber isso graças aos gritos, que aumentaram muito.

– Então você é meu oponente, grandão? – perguntou Iori.

– Sou. E vou te esmagar com um só soco! – após Birdie responder, a multidão voltou a gritar.

Iori tentou responder, mas o barulho não o deixou. O bar estava cada vez mais barulhento. O juiz autorizou, mas nada pôde ser ouvido. Somente o seu gesto foi visto, e com isso Birdie correu na direção de Iori, tentando acertá-lo com uma cabeçada. Iori, mais rápido, o jogou para trás com o seu Soco do Dragão.

– Shoryuken!

– Ah, você vai ver, pequenino!

Iori o acertou duas vezes com o seu soco duplo. Birdie aproveitou a brecha em sua guarda e o agarrou com sua corrente, jogando Iori longe, contra a parede. Iori apenas gemeu e ficou abaixado no chão. Birdie, aproveitando isso, começou a gargalhar do oponente.

– Vejam, o pequenino agora não pode nem levantar! Hahahahaha!

– Você me deixou furioso! – gritou Iori.

Hakushu partiu pra cima de Birdie, que fez o mesmo. Birdie acertou uma rápida facada nele – enquanto Iori se levantava ele sacou a arma – que não surtiu tanto efeito assim. Iori se elevou no ar e chutou-o várias vezes, assumindo o poder do furacão com o seu Chute Furacão.

– Tatsumaki Senpuukyaku!

Birdie se levantou, mas já estava muito ferido. Ferido e furioso! Iori apenas olhou pra ele com desprezo, enquanto preparava seu golpe. Sua mão ficou em chamas. Birdie partiu pra cima de Iori e tentou chutá-lo. O soco de Iori acertou-o no estômago. Birdie acabou nem desferindo o chute, e caiu no chão. Ele não se levantou mais.

– E O VENCEDOR É... O FILHO DA P*** DO IORI!

– O quê?! – gritou Iori, se virando para o narrador.

Ele tentou acabar com o fracote pelo insulto, mas então viu que o bar inteiro estava contra ele. Iori começou a enfrentar os oponentes, mas aos poucos ia sendo golpeado. Ele percebeu que não duraria muito tempo.

O bar tinha dois andares, e em cima morava o dono. Aproveitando uma brecha, Iori saltou, atingindo quase o fim da escada. Ele entrou correndo na casa, e pensou em saltar pela janela. Mas então viu algo na cama que chamou sua atenção. Uma bazuca!

– Hahahaha, vocês vão pagar! – disse Iori, enquanto saltava pela janela com a bazuca.

Os perseguidores encontraram o quarto vazio. Quase todos entraram no pequeno aposento. Um deles olhou pela janela, e então caiu no chão sentado, com um grito insano. Outros três foram olhar, mas não tiveram tempo para isso. O projétil da bazuca atingiu o quarto e acabou com ele. Iori apenas gargalhou e queimou a arma usando seus poderes. Depois saiu correndo, procurando um modo de fugir.

– O que importa é que agora sou um Guerreiro Mundial!

 

Japão, Aeroporto de Tóquio, Noite de 20 de Agosto

 

Kaneda e Key ainda se despediam de Kaori. Se abraçaram muito. Kaneda subitamente sentiu uma presença, e logo depois foi chamado com uns toques no ombro. Se virou, e pôde ver Sakura, a menina que havia derrotado!

– Oi Kaneda Jones! – disse a menina.

– Hein? O que você quer, garota?

– Meu nome é Sakura Kasugano!

– O que você quer então, Sra. Kasugano? – disse Kaneda, um pouco contransgido.

– Sabe, você é muito bom. Ryu não quer me treinar, e acredito que você aceite fazê-lo.

– O quê?! Garota, ainda sou um discípulo!

– É que não encontrei um mestre ainda... Por favor... Me treine! – seus olhos brilhantes fizeram Kaneda ficar indeciso.

– Key, mãe, nos deixem a sós um pouco. – disse Kaneda, muito sério.

– Mas Kaneda...?

– Key, por favor!

 

Kaori olhou para o filho e puxou a "nora". Elas foram se afastando, enquanto ele e Sakura conversavam arduosamente. Key se queixou um pouco, mas Kaori questionou sua confiança em Kaneda, e ela enfim se acalmou.

 

– É isso Sakura.

– Eu te entendo... Mas me deixe ir com você, por favor! Mesmo que seja apenas para treinarmos juntos... Por favor!

– Ai, droga, a Key não vai gostar nada disso... Mas tudo bem! – disse ele, com um sorriso gentil.

Sakura pulou sobre ele, agradecendo. De longe, Key começou a se aproximar, furiosa. Logo Kaneda afastou a garota exagerada, pois conhece a namorada que tem. Ela e Kaori enfim chegaram.

– Bem, essa é Sakura Kasugano, Key. Ficará com a gente em Okinawa.

– O quê?! Você está louco, Kaneda? – Key perdeu o controle.

– Fala baixo! Ela pode ser uma ótima parceira de treinos.

– Kaneda, como que você vai levando alguém assim, do nada?

– Quando eram homens você nunca reclamou! Por acaso está questionando minha fidelidade? – perguntou Kaneda, chantageando com muita sabedoria. – Se for isso, então você não confia no meu amor. Se não confia, é melhor pararmos por aqui! – ele sabia que ela não teria coragem.

– ... – Key tentou, mas não conseguiu segurar uma lágrima que escapou.

– E então, Key?

– Pare com isso, Kaneda! – repreendeu Kaori.

– Mãe, fique fora disso!

– Tudo bem, Kaneda... Eu confio em você.

 

Kaneda ainda conversou mais um pouco com Sakura. Ela já tinha falado com sua mãe, e já sabia que Kaneda morava em Okinawa. Sakura sabia que conseguiria fazer Kaneda aceitar. Kaori se despediu, e os três entraram no avião. Sakura havia trazido sua mala.

 

Japão, Okinawa, 21 de Agosto

 

Mesmo com o sol o frio era muito grande. Takashi e Kim observavam Ryuji se preparando. Após alguns minutos, enfim seu oponente chegou. Ryuji olhou. Seu oponente era um ninja, assim como ele. Como ele também, estava desmascarado. Ryuji se lembrou de quem se tratava. Era Guy, o bushin de Metrocity!

Guy se apresentou a Takashi e a Kim com um reverência, e depois a Ryuji, que retribuiu. Algum tempo depois o juiz chegou.

– Então você é Ryuji, meu oponente.

– Sim... E você é o discípulo de Zeku Genryusai, certo?

– Como sabe disso? – se assustou Guy.

– Eu não me lembrava que se chamava Guy, mas há somente um ninja de Metrocity que usa esse uniforme!

– Ha! É bem informado sobre os ninjas, Ryuji!

– É... Bom, vamos lutar? – Ryuji não escondia a excitação.

 

Após algum tempo a luta enfim começou. Ryuji tentou acertar Guy com seu rápido Chute com o Calcanhar. Ele ataca o alvo com um fraco chute, empurrando para longe ao mesmo tempo que se afasta saltando para trás. Mas Guy foi mais rápido, levando-o para o alto com o seu Bushin Chute Furacão. Uma versão infernal do Chute Furacão do Karatê, desenvolvida pelo próprio Guy, que conheceu Ryu e Ken quando foram para Metrocity e fez amizade com eles.

Guy foi subindo e girando o corpo, acertando o alvo com sua perna direita. Ryuji é o alvo. Ele foi acertado inúmeras vezes, até que caiu no chão. Ryuji se levantou vagarosamente, ainda com muitas dores. Tentou chutar Guy, sendo atingido antes por um forte soco na face. Ryuji ainda chutou, mas foi um chute fraco.

Ele tentou dar uma rasteira em Guy, que o pegou antes e começou a dar joelhadas na sua face. Uma. Duas. Três. Ryuji caiu e não se levantou mais. Guy se virou, reverenciou Takashi e Kim novamente, e foi. Mas antes ainda disse.

– Você ainda tem muito a aprender, jovem ninja.

 

– Ele é muito rápido. Ryuji nunca venceria. – Takashi comentou com Kim.

 

Kim apenas ficou olhando. Ele se comoveu com o corpo caído do jovem. Então ficou pensando como estaria o filho Hwoarang. Agora estaria lutando. Será que venceria?

 

China, Pequim, 21 de Agosto

 

Uma manhã muito fria. Sakura e Key ainda não entendiam o porque de Kaneda tê-las trazido até aqui. Ele ia na frente, e as duas discutindo atrás. Ele olhava às vezes, e acabou notando como eram parecidas. Mas Sakura era menos tímida, mais determinada. Key era mais feminina, mais doce. Kaneda pela primeira vez reparou a beleza de Sakura. Ele se pegou olhando para suas pernas que sempre estavam à mostra. Enfim percebeu e se repreendeu.

– Ei vocês duas! Olhem para a arena e perceberão porque estamos aqui. – disse Kaneda.

– Agora entendi... Sempre a Chun Li! – disse Key, enciumada.

– Ei, nada disso! O Hwoarang também está na arena! – Kaneda apontava para o coreano, que o viu e o cumprimentou.

– São seus amigos? – perguntou Sakura.

– Sim, Sakura, são sim.

– Já a chama pelo nome? Que intimidade é essa? – Key estava cada vez mais ciumenta.

– Aff! – Kaneda desistiu.

 

Mesmo como o frio Hwoarang e Chun Li vestiam suas roupas normais de combate. Ele, seu gi de Tae Kwon Dô branco, e ela, sua roupa acrobática de Wu Shu. Eles se olharam, ambos sorrindo. Esta não seria uma luta que poderia acabar em morte. Era um desafio de amigos.

– Pronta, Chun Li?

– Nossa, que cavalheiro! Estou pronta sim, Hwoarang. – disse ela, sorrindo.

Hwoarang acenou para o juiz, e ele enfim autorizou. Antes, porém, os dois ainda disseram um para o outro: 'Boa sorte!'. Chun Li partiu pra cima de Hwoarang com um forte chute aéreo, mas ele acertou-a primeiro, com o seu Chute Tesoura, que pegou na sua perna que estava dobrada pela voadora. Chun Li terminou seu golpe, mas caiu meio desequilibrada no chão.

Hwoarang preparou a perna do flamingo. Chun Li o atacou com seu Chute Furacão. Ela plantou bananeira e começou a voar, girando as duas pernas (numa abertura de 180°). Hwoarang apenas se defendeu dos inúmeros chutes. Chun Li tentou continuar, chutando-o levemente. O golpe de Chun Li acertou um dos pés de Hwoarang, que se levantava alto no ar.

– Você voa bem alto, hein Chun Li! Mas eu também sei voar!

– O quê?!

Ela nem teve tempo de fazer nada. Hwoarang a acertou na face com um chute leve, depois com um chute médio e terminando com um chute giratório, que a jogou no chão. E o coreano fez tudo isso no ar; era o seu famoso Dankuukyaku!

– Dankuu... kyaku!

Chun Li saiu rolando no chão. Hwoarang se ajeitou, e preparou a posição do flamingo. Ele olhou para Kaneda, como que se estivesse desafiando para o excitante torneio. O amigo retribuiu o sorriso. Chun Li se levantou, com um grande esforço. Hwoarang se virou e ficou esperando o seu ataque.

– Muito bom, Hwoarang! – disse ela, limpando o sangue que escorria pela boca.

– É... Mas parece que não foi suficiente... ('Como poderei vencer Kaneda só com isso?')

– Essa luta acabará agora, Hwoarang. Se eu não te vencer com esse golpe, tenho certeza que acabará comigo!

Chun Li ficou ali, estática, esperando o coreano partir pra cima dela. Ele também ficou olhando, sem saber direito o que fazer. Hwoarang enfim saltou pra cima dela. Ela preparou um golpe lento. Hwoarang podia acabar com isso facilmente. Mas ele queria ver o que ela faria...

Hwoarang saltou sobre ela de peito aberto, sendo atingido por uma leva de chutes. Ele não caiu com o impacto, mas cambaleou. Hwoarang percebeu a jovem ofegante e de guarda aberta após o grande esforço e atacou. Ele atingiu-a com um chute fraco, depois um médio e um forte. Não, não era o Dankuukyaku. Hwoarang a acertou com o seu Niy-kyaku, mais conhecido como Giratória Dupla. Ela foi jogada longe, e não se levantou mais.

– Ni... kyaku!

Hwoarang sentiu uma vertigem pela força dos golpes da chinesa e caiu de joelhos no chão, ofegante. Ouviu a multidão gritar sem muito entusiasmo quando a sua vitória foi anunciada. Alguns segundos depois ele finalmente se levantou, para receber o abraço da amiga Key. E viu também Kaneda e Sakura cuidando de Chun Li.

– Grande vitória! – disse Key.

– É... Mas acho que exagerei com ela... – Hwoarang apontou para o corpo de Chun Li, agora sendo carregado por Kaneda.

– Droga... Até assim ela fica perto do Kaneda! – Key se afastou e foi atrás do namorado.

– Hahahaha, tem coisas que não mudam... – Hwoarang foi atrás deles.

– Ei! – disse Sakura, após Hwoarang segurar seu braço.

– Calma, mina! Só quero saber quem é você...

– Ah, eu sou Sakura... Eu lutei com Kaneda ontem. – disse ela, com um largo sorriso.

– Legal... Mas o que você 'tá fazendo aqui?

– A partir de agora eu sou a parceira de treinos de Kaneda!

– O quê??!!

 

Algumas horas depois, no apartamento de Chun Li, todos cuidavam dela no seu quarto. Todos, menos Kaneda, que olhava a cidade na sacada. Ele, como elementalista do ar, sempre foi sonhador e visionário, gostando de visões como essa.

– Eu vou beber água. – disse Sakura.

– E vê se demora muito pra voltar, 'tá? – retrucou Key.

– Não liga não, garota. Ela pensa que o Kaneda é o gostosão do pedaço... Tem paranóia! – disse Hwoarang, que depois recebeu um tapa no ombro de Key.

Sakura saiu do quarto e parou pra ver o que Kaneda fazia na sacada. Ela ficou ali, o observando por alguns minutos. De fato, o que Sakura queria de Ryu era o ensino do Karatê. Mas ela sempre o achou bonito. E a estranha força de Kaneda e sua semelhança com Ryu despertaram seu interesse.

O que sempre impediu Sakura de ter algum interesse a mais de Ryu é o seu jeito. Ele parece sempre ser indiferente a tudo, parece ser o dono da verdade. E ela odeia isso! 'Kaneda é diferente...', pensava Sakura. Ela então se virou, e fez uma pequena força pra se lembrar o que ia fazer na cozinha.

 

Enquanto isso, na sacada, Kaneda se cansou de pensar sobre sua vida. Cansou de tentar descobrir o sentido de tudo. Resolveu beber um pouco d'água pra relaxar um pouco enquanto esperava Chun Li acordar. Kaneda nem prestou atenção no caminho. De repente tomou um grande susto, quando topou com Sakura. Kaneda estava andando com muita força. Ele caiu sobre a garota.

Kaneda olhou para Sakura, que estava muito assustada. Não estava assustada pela queda, pelo acidente. Sakura estava assustada pela situação. Há pouco tempo ela admirava Kaneda e agora estava ele, em cima dela! E Kaneda sentia o mesmo.

Sakura sempre foi muito decidida, uma garota de grande iniciativa. Ela foi aproximando o seu rosto do rosto dele, que repentinamente se levantou, muito assustado.

– Me desculpe! – Kaneda estendeu a mão para ela.

– ... – Sakura nada disse, ainda ofegante e um pouco frustrada.

Sakura ainda ficou parada por alguns instantes vendo-o entrar na cozinha e abrir a geladeira. Enfim ela se afastou. Quando entrou no quarto, não tinha coragem de olhar pra Key novamente. E foi o mesmo com Kaneda.

 

Na manhã do dia seguinte, estavam se despedindo. Chun Li, já fora do torneio, continuaria em Pequim. Kaneda, Key, Sakura e Hwoarang iriam para Okinawa.

– Bom, a gente se vê, Chun Li. – disse Hwoarang.

– Sim, com certeza.

– E me desculpe pelo exagero.

– Que nada, Hwoarang. Entramos na arena esperando a vitória ou a derrota, certo?

– É... Certo...

Chun Li aproveitou que Key estava vendo e abraçou Hwoarang, mostrando para ela que não havia motivo para terem ciúmes. Key enfim perdeu totalmente a antipatia nutrida pela chinesa. Hwoarang enfim se foi. Kaneda e Key se despediram de Chun Li – enquanto Sakura ligava para a sua mãe. Todos se foram. Em alguns dias o torneio continuaria...

 

EUA, Metrocity, 24 de Agosto

 

Metrocity sempre foi um exemplo de um bom lugar para se viver. Mas desde alguns anos pra cá, as gangues vêm tomando conta dessa metrópole, e a situação está virando um caos. Mas isso não importa pra Iori. Ele está aqui apenas para um motivo. Iori está aqui para vencer Cody, seu oponente. E agora que é um Guerreiro Mundial, Iori tem que vencer, de qualquer jeito.

Cody entrou na arena, e Iori ficou observando-o. Certamente, seria um duro oponente. Cody, ainda com o uniforme de presidiário, marcou a luta para um escuro beco. O juiz, um ex-street fighter de Metrocity, também tinha um físico avantajado. Cody ficou encarando Iori. Enfim o juiz autorizou.

– LUTEM!

Cody avançou sobre Iori com um chute. Iori foi mais rápido e acertou-o com seu Soco do Dragão. O primeiro chute de Cody foi contra o vento. Mas ele ainda teve tempo de acertar Iori com mais dois, e Iori foi jogado no chão pelo terceiro. Era a Giratória Dupla! Cody, sorrindo, partiu pra cima do Hakushu, sendo repelido pelo seu Chute Furacão, que acertou Cody inúmeras vezes.

– Tatsumaki... Senpukyaku!

Cody tentou se levantar. Quando Iori se deu conta, Cody estava com uma faca na mão, e o atingiu rasgando-lhe o peito! Iori ainda socou-o levemente.

– Armas?! É assim que você luta?

– Isso não é um jogo, garoto... Eu luto pela minha vida! – disse Cody.

– Vai pagar!

O sangue de Iori começou a ferver. Ele, enquanto se esquivava de mais um golpe de Cody, sacou a sua katana. Há muito tempo não a usava num desafio. Cody sorriu. Ele atacou Iori mais uma vez, rasgando a pele do seu braço direito. Tomado pela ira, Iori nem gemeu. Apenas atacou, acertando-o no pescoço.

Cody caiu instantaneamente. O sangue começou a jorrar. O juiz autorizou a vitória de Iori. Um ninja, parecendo cair do céu, pousou sobre a arena. Ele olhou furiosamente para Iori.

– Não devia ter feito isso. – disse o ninja, que é o Street Fighter Guy.

– Vai querer vingar o amiguinho? – perguntou Iori, ensandecido.

– Não. Ele mesmo irá fazê-lo!

Guy saltou sobre o prédio de onde tinha vindo. Iori apenas sorriu, limpando o sangue da lâmina da espada e guardando-a de volta. Acenando para o juiz, Iori partiu. Após duas ou três esquinas, Iori ouviu alguém chamando-o. Conhecia aquela voz. Era Chun Li!

– Chun Li! O que faz aqui, gata? – perguntou Iori.

– Tudo bem? Vim pedir que fique aqui. Depois de amanhã terá um carregamento saindo do porto dessa cidade, indo direto pra Mriganka!

– O quê?! – a expressão de Iori mudou.

 

Japão, Okinawa, Manhã de 25 de Agosto

 

Kaneda, Key e Sakura acordaram muito cedo. A pequena Sakura teve que dormir num colchão ao lado da cama de Kaneda e Key. Isso fez com que Key ficasse muito brava. Kaneda algumas vezes se pegou olhando para Sakura, e para Key também, como se as comparasse. A ingenuidade de Sakura e sua determinação pareciam despertar o seu interesse.

Mas ele se repreendeu, se sentiu muito triste por estar traindo Key em pensamentos. Kaneda ficara acordado a noite toda. Key percebeu a inquietação de Kaneda, e se sentiu muito mal com isso. Ela também não pôde dormir. E Sakura não entendia o que sentia por Kaneda, o sentimento que havia despertado nela, e se afligia pelo que estava fazendo.

Enfim, eles acordaram cedo. Aliás, há uma pequena probabilidade de terem dormido, uma hora sequer. Logo que levantaram, perceberam Hwoarang treinando um pouco com Kim. Takashi fora convidado para ser um dos juízes da luta, mas preferiu recusar. Ele conversava num aposento com os juízes, e pelo que parecia eram velhos conhecidos.

Amanheceu uma confortável manhã. Kaneda cumprimentou Hwoarang, se aproximou dele e desejou sorte. O coreano frisou que venceria, e depois se enfrentariam na semi-final. Kaneda, Key e Sakura – que não desgrudava um instante deles, por não se tocar que atrapalhava – foram tomar o café da manhã. Enfim o oponente de Hwoarang chegou. Era Adon, um dos Guerreiros Mundiais!

– Ha, esse é o fracote que derrotarei? – perguntou Adon para um dos seus treinadores, num tom ofensivo.

– ... – eles não responderam por conhecerem a habilidade de Hwoarang, após sua luta com Chun Li.

– Está pronto, Sr. Adon? – perguntou Hwoarang, com a mesma ofensividade.

– Não preciso me aprontar para tipos como você!

– Veremos!

Ambos se encaravam com olhares penetrantes. Adon pôde sentir a força emanando de Hwoarang. Mas Hwoarang, por outro lado, viu a fraqueza de seu oponente, ocultada por suas bravatas. Apesar de um pouco divertido, Hwoarang sempre lutou a sério. E enfim constatou: 'Já venci.'.