Conspiração Total
Capítulo XI: Você,
Vivo?!
Japão, Okinawa, 22 de Outubro de 1990
Kaneda observava a jovem Sakura treinando sozinha. Com certeza, a garota tinha muita
fibra. Ele se lembrou de Key, e se lembrou como Sakura apareceu na sua vida no momento
certo. Não fosse por ela, talvez ele tivesse desistido de tudo.
Kaneda se levantou e foi trocar alguns golpes com ela. Eles lutaram um pouco, sorrindo.
Iori apareceu, e pediu para Kaneda treinar um pouco com ele. Há muito tempo não
faziam isso. Eles lutaram bastante, sem perceberem que Chun Li havia chegado e era
recebida por Takashi, Ryuji e Kim na sala.
– Kaneda! Iori! Chun Li está aqui e quer vê-los! – gritou Takashi.
Os dois foram correndo, sendo seguidos pela pequena Sakura. Chegaram lá e viram
Chun Li, com roupas de detetive. Kim, sentado no chão, olhava para a parede, com
o pensamento perdido. Takashi se retirou, e levou o pai de Hwoarang com ele. Takashi
sabia dar bons conselhos e irá tentar fazer Kim se animar um pouco. Aproveitou e
levou a jovem Sakura, que estava no corredor ainda.
– E então, Chun Li, tudo bem? – perguntou Kaneda.
– Gata como sempre, heim! – falou Iori, que após esses meses finalmente
se recuperava da morte de Kimberly.
– Você não tem jeito! – disse ela, sorrindo.
– Mas e então, a que veio? – perguntou Ryuji.
– Ah, qualé cara? Você não tem humor não? – Iori se indignou.
– Tudo bem, Iori. Eu entendo Ryuji. Eu vim dizer que vai demorar bastante
para a missão acontecer. A Interpol quer que vocês se tranquem no dojô e só fiquem
treinando, pois não será nada fácil. Alguns agentes virão pra cá em segredo, para
ensinarem pra vocês técnicas de agentes.
– Pô, e não vamos poder nos divertir? – perguntou Iori.
– É, eu não achei que gostariam disso.
– Está ótimo! – Kaneda ficou sério novamente.
– Ah, já ia me esquecendo... – disse ela, apanhando algo na bolsa. –
Agora são agentes da Interpol! – ela entregou os distintivos para os três.
– Cool! – disse Iori.
– E Sakura e Kim não ficarão aqui; ela voltará para Tóquio e Kim para Seul.
Mas nós os vigiaremos. Ah, e seu mestre Yamazaki virá, Iori.
– Ufa, ainda bem.
– Bom, é só isso. Eu queria ficar mais com vocês, mas estão me esperando lá
fora. Tenho que fazer minha parte. Investigando! – ela sorriu e se foi, não
sem antes abraçar os três.
– Espero que não seja por muito tempo... Não gosto dessa história de ficar
longe muito tempo de uma garota que amo... A primeira vez não acabou bem! –
disse Kaneda.
– É... Mas não esquenta, Kaneda. A Sakura sabe se virar. Além do mais, a Interpol
estará vigiando-a! – Iori tentou acalmá-lo.
– É, Kaneda. – Ryuji completou.
Japão, Okinawa, 23 de Outubro
– Eu entendo, Kaneda. – disse Sakura, tentando conter as lágrimas no
aerporto.
– Nos veremos logo, certo? E eu não deixarei de pensar em você um dia sequer!
– ele disse.
– Nem eu... Nunca fui muito romântica não, e você é o primeiro homem que amo...
Fique forte, Kaneda!
Kaneda a abraçou com muita força. Depois deram um longo beijo. Kim também se despediu
deles. O avião partiu. Kaneda sentia que estava vivendo novamente uma mesma experiência.
Assim como quando se separou de Key na adolescência, agora acontecia com Sakura.
Ele concluiu que a vida estava sendo gentil com ele, dando uma nova chance. Talvez
pelo tanto que sofreu. E nessa segunda chance, não iria falhar!
Japão, Tóquio, 12 de Março de 1993
Chun Li, Kim e Sakura esperavam ansiosos por Kaneda, Iori e Ryuji no aeroporto.
Estava um pouco frio, e todos estavam agasalhados. O avião finalmente chegou. No
entanto, antes que os três pudessem chegar, uma figura apareceu. Chun Li e Sakura
olharam assustadas, para perceberem que era Ryu!
– Ryu...? – Sakura se assustou.
– É... Te conheço, jovem? – ele perguntou.
– Sou eu, Ryu. Sakura, não se lembra?
– Sakura...? Ah, sim!
– Oi Ryu. – Chun Li finalmente falou alguma coisa.
– ...Oi. Como vocês se conhecem? – ele perguntou, apontando para Sakura.
– Eu ia perguntar isso. Mas o que faz aqui, Ryu?
– Eu fiquei sabendo que o discípulo de Takashi estaria aqui, portanto quis
vir vê-lo.
– O quê?! – Chun Li se assustou. – Como soube disso?
– Kaneda me enviou uma carta. Ele disse que seria bom que eu estivesse aqui;
disse que alguém queria me ver... Então vim!
Chun Li ficou pensando e percebeu que Kaneda já havia percebido que ela tinha algum
interesse em Ryu. Certamente ele fez isso por ela. Já que a missão ia acontecer,
todos iam se divertir um pouco, e seu amigo não queria que ela ficasse sozinha.
– Ei, parece que são eles... – disse Kim, com sua costumeira voz triste
desde que Hwoarang morreu.
Sakura olhou rapidamente. Por um instante pensou estar enganada. O outrora magro
Kaneda agora tinha um físico muito mais atlético. Além disso, seus cabelos curtos
que lembravam os de Ryu agora estavam compridos, na altura do ombro. Sua faixa vermelha
que havia ganhado de Key não estava mais com ele, e seu Chi parecia muito maior!
Iori também estava diferente. Apesar de caminhar descontraído, trazia uma grande
chama no seu interior. Mas o mais estranho era Ryuji, que tinha um olhar triste
e examinador ao mesmo tempo. Além disso, tinha algo desconhecido dentro dele. Ryuji
parecia diferente, parecia querer esconder algo.
– Até que enfim você chegou! Está diferente, hein! – disse Sakura, pulando
sobre Kaneda.
– Estava morrendo de saudades! – disse ele, beijando-a.
– Por essa eu não esperava. – Ryu se surpreendeu.
– Parece que nada é por acaso, não é? – Chun Li indagou.
– É... Tudo se movimenta em círculos... Tudo bem, Kaneda? – disse ele,
se virando para o amigo.
– Ah, sim! – Kaneda sorriu olhando para Chun Li.
– Mas por que me chamou até aqui?
– Ah, estou cansado agora. Vamos para o hotel, daí depois a gente conversa,
certo?
Algumas horas depois, todos se arrumavam para sair. No entanto, a arrumação de Ryu,
Kaneda, Iori, Ryuji e até mesmo Sakura não era tão trabalhosa. Eram lutadores, afinal.
Ryu não teve a explicação de Kaneda, mas se contentou em sair com eles.
Logo pararam num bar. Kaneda se sentou numa pequena mesa com Sakura, Ryuji, Kim
e Iori numa outra e Chun Li numa terceira. Ryu caminhou para sentar-se com Ryuji,
Iori e Kim quando Kaneda o deteve:
– Ei, onde vai?
– Vou me sentar com eles.
– Nada disso! Vai deixar a moça sozinha, Ryu? – Kaneda indagou.
– Então foi pra isso que me chamou até aqui? – Ryu percebeu rapidamente.
– Ela tem um interesse em você... Sabe, estamos nos divertindo porque poderemos
morrer daqui a alguns dias... Vamos enfrentar a Shadaloo. Por isso quis trazê-lo.
– Ah, entendo.
– Ryu, você não poderá negar que é isso que quer, não é? – Kaneda sorriu
maliciosamente.
– É. Tudo bem, Kaneda, obrigado. – ele saiu com um sorriso.
Ryu se sentou com Chun Li. Sakura ficou observando a atitude de Kaneda. Ela parecia
não entender como ele tinha mudado tanto. Estava mais calmo, mais sereno e mais
seguro. Parecia estar mais maduro.
– Kaneda, o que houve com você? – perguntou Sakura.
– Como assim?
– Está mudado.
– É, nesses quase três anos eu mudei muito. Estou mais ligado com o mundo
que me cerca e com maior afinidade com o meu elemento. Takashi-sama me ensinou muitas
coisas nesse tempo. E estou muito tranqüilo porque sei que a missão dará certo dessa
vez.
– Nossa, parece que meu discurso fez efeito, heim! – ela sorriu.
– É... Olha lá, Sakura! – disse Kaneda.
Ela olhou, e viu um beijo acontecendo entre Chun Li e Ryu. Isso a surpreendeu, mas
não deixou de se surpreender mais ainda com Kaneda, que já fora sério e fechado,
e agora sorria e agia como se fosse mais sábio. Ela conseguia sentir muito mais
confiança no novo Kaneda.
Mais tarde, Sakura e Kaneda já estavam no hotel. Ele pôde observar ela se trocando
pela porta entreaberta. Sakura, já nos seus quase 19 anos, não era a garota de antes.
Ainda com sua pequena estatura, mas assim como Kaneda, mais segura e certa de si.
Ele entrou no quarto.
– Sakura...?
– Ahn?! Que susto me deu!
– Me desculpe... Sabe, tem uma coisa que quero de você, e acho que essa é
a hora.
– Eu sei o que você quer. – ela olhou pra ele com um sorriso.
Kaneda entendeu a mensagem e se aproximou dela. Começaram a se beijar, e logo estavam
deitados na cama. Kaneda, por um instante, percebeu um pequeno nervosismo de Sakura:
– Está nervosa? – perguntou.
– S-sim...
– Se não achar que é a hora... – Kaneda foi interrompido.
– Mas eu adoro desafios! – disse ela, com um sorriso.
Na manhã seguinte, todos tomavam o café da manhã. De repente, Kaneda viu Chun Li
o chamando. Ele se levantou e foi falar com ela, na sacada:
– Eu queria agradecê-lo, Kaneda.
– Ah sim.
– Mas poderia ter me consultado antes, não é? – ela disse com um sorriso.
– Eu quis fazer uma surpresa.
– Mas e se ele não quisesse nada comigo? – perguntou Chun Li, ficando
séria novamente.
– O Ryu me visitou no começo do ano. Disse que não conseguiu te esquecer,
desde o aniversário dele aquele dia em Okinawa. Ele falou que isso o atormentava,
e eu o aconselhei a não lutar contra isso. Depois tive essa idéia.
– Conspiração total, hein?! – disse ela, rindo. – Mas como descobriu
que eu sinto algo por ele?
– Naquele mesmo dia deu pra perceber. Só que tive certeza quando você me ligou,
avisando que podíamos vir pra Tóquio. Eu falei o nome do Ryu algumas vezes e percebia
que você mudava o tom de voz quando eu falava dele.
– Bem que eu não entendi porque ficou falando tanto nele! – ela ainda
sorria.
– Que bom que gostou. Mas cadê ele?
– Hoje bem cedo ele disse que tinha que ir. Tinha um torneio em Osaka e ele
se foi. Mas obrigado, Kaneda. Agora vou dar uma volta na cidade.
– Está certo. – disse ele, voltando para a mesa.
O dia passou depressa. Já era noite quando Chun Li mostrou os ingressos de um show
para todos. Era uma banda chamada X-Japan. Além disso, Kaneda e Iori eram convidados
de honra, pois os integrantes da banda ficaram sabendo que foram eles que pegaram
os chefes da Yakuza de Tóquio! Kim quis ficar no hotel.
A música estava bem alta, e parecia contagiar a todos. Kaneda sempre gostou muito
de rock. Após cerca de meia hora de show, ele e Iori foram abordados por um segurança
e levados para o camarim. O show deu uma pausa, e eles conheceram a banda.
– Oh, então vocês são os heróis! – disse um cara com um cabelo rosa.
– Ah, que é isso, pessoal! – disse Iori, um pouco constrangido.
– Eu acho que não se lembra de mim, Kaneda. Mas eu já te vi num torneio de
Street Fighting. – disse outro, com longos cabelos castanhos.
– Você conhece o circuito Street Fighter? – Kaneda perguntou, surpreendido.
– Ei cara, ultimamente o Yoshiki só pensa nisso! – disse um terceiro,
com um cabelo com cores vibrantes e uma voz aguda e rouca, parecendo dar um grito
contido.
– Hahahahaha.
E continuaram conversando. Iori tocou um pouco na guitarra de Hide, Kaneda conversou
com Yoshiki e logo chamaram a banda, pois o show tinha que continuar. Kaneda e Iori
voltaram para a platéia. Faltava pouco pra o show acabar, e muitas pessoas já tinham
ido embora. De repente... BANG!
O primeiro disparo foi seguido por muitos, e o povo saiu correndo. Kaneda, Ryuji
e Iori se olharam. Não se moveram um centímetro.
– Chun Li, leve Sakura daqui! – Kaneda falou.
– Tá... Mas eu já volto! – ela se foi na multidão com a garota.
Kaneda, Iori e Ryuji finalmente ficaram sós. No palco, Yoshiki e os outros se levantavam
com o fim dos disparos. Kaneda acenou, mandando ele fugirem. E foi o que fizeram.
Das sombras começaram a surgir vários ninjas encapuzados. Iori e Ryuji saltaram
pra cima deles. Eram cerca de vinte.
Os ninjas se dividiram. Kaneda arremessou bolas de fogo nos oponentes de seus amigos
tentando ajudá-los, mas sentiu a espada rasgando suas costas. Se virou e viu mais
um ninja. Mas esse era diferente... Seu Chi era poderoso!
– O campeão do torneio fica comigo! – ele disse, avançando sobre Kaneda.
– Vocês não deviam ter vindo até aqui! – Kaneda gritou e saltou sobre
ele.
Kaneda avançou sobre ele. O ninja tentou acertá-lo com uma forte espadada, mas Kaneda
foi mais rápido, usando um novo poder. Ele usou seu Chi para lançar partículas de
gelo, que imobilizaram – e feriram – seu oponente! Iori e Ryuji olharam
assustados.
– Você vai pagar! – Kaneda aproveitou o momento e concentrou seu Chi
no punho.
O oponente ainda estava congelado, e Kaneda o atacou. Seu soco foi muito forte.
Não fosse a proteção no tronco do seu oponente – que foi totalmente estraçalhada
– ele talvez tivesse morrido.
– ... Que potência no soco... – disse ele.
– Ainda não acabei! – Kaneda parecia soltar a fúria de três anos atrás,
pela morte de Key e Hwoarang.
– Pare... Chega!
– Ha, está brincando!
– É melhor parar, Sr. Jones...
– Do que está falando? – disse Kaneda, agarrando-o pela roupa.
– Por que não olha pra trás?
Kaneda se virou e viu Iori e Ryuji inconscientes no chão. Cerca de 10 ninjas avançavam
em sua direção. Kaneda estava furioso, mas também era sensato. Ele soltou o líder.
– O que vocês querem?
– Te entregar isso. – o ninja deu uma carta para Kaneda e partiu.
Manhã de 14 de Março
Kaneda observava a carta e a foto na sacada do hotel. Chun Li e Sakura estavam em
silêncio. Iori, que finalmente tinha acordado, ao ver a aglomeração na sacada se
dirigiu pra lá.
– O que aconteceu ontem, galera?
– Sente-se, Iori. – Kaneda puxou a cadeira pra ele. – Cadê o Ryuji?
– Já está vindo.
– Vamos esperá-lo, então.
– Não precisa, já estou aqui! – disse Ryuji, entrando na sacada também.
Kaneda mostrou a carta e a foto pra eles. A foto era de Hwoarang, amarrado e ferido.
Já o conteúdo da carta era simples. Dizia que Kaneda teria que ir sozinho para as
docas nessa noite e se entregar, e então Hwoarang seria solto.
– Kaneda... – Iori se surpreendeu.
– Mas já viu qual é a data da foto, por exames? – como bom ninja, Ryuji
não era fácil de se enganar.
– Sim. Não tem nem um mês! – disse Chun Li.
– Eu irei buscá-lo! – Kaneda se levantou.
Sakura também se levantou, ficando no seu caminho. Ela olhou pra ele, com um triste
olhar. Sakura o abraçou.
– Boa sorte... – ela disse.
– Ei, Kaneda, você pode morrer! Eu irei com você! – Iori se levantou.
– Não! Eles me querem sozinho, não entendeu?
– Kaneda, somos seus amigos e vamos te proteger até o fim! – Iori não
queria ver mais um ente querido morrendo.
– Eu tenho um plano. – Chun Li mal terminou de falar e todos os olhares
se voltaram pra ela.
Já era noite, e os quatro caminhavam pelas ruas escuras de Tóquio. Kaneda passou
por um lugar onde brincava na infância, e se lembrou disso. Pensou em visitar a
mãe, mas isso estava marcado para daqui a alguns dias. Agora devia salvar Hwoarang!
– Espero que funcione... – disse Iori, ainda sem muita confiança no
plano.
– Vai funcionar! – disse Chun Li, enquanto Kaneda se afastava.
Kaneda olhou para os lados; tudo escuro. Era um bairro pobre e esquecido. Logo pôde
ver os homens da Shadaloo. De cara reconheceu: lá estavam Rolento, Birdie e Sodom.
Todos eles lutaram no Torneio Street Fighter Alpha, em 1990. Kaneda foi se aproximando.
– Cadê ele? – Kaneda ainda não acreditava muito. Só veio para acabar
com esses homens que tentaram enganá-lo.
– Sodom! Traga-o. – ordenou Rolento.
O gigante Sodom trouxe Hwoarang, ainda amarrado. De frio Kaneda rapidamente ficou
perplexo. Nem chorar conseguia. Ele olhou bem para Hwoarang, amarrado. Seus olhos
estavam vazios, mas com certeza estava delirando por ter apanhado tanto. Mas estava
vivo!
– Opa! Espere aí! – disse Rolento, quando Kaneda tentou se aproximar.
– O quê?
– Se amarre com isso. – disse ele, jogando uma corda.
Kaneda amarrou seus punhos. Antes de deixar Rolento pegá-lo ele mandou que soltassem
Hwoarang. O coreano se levantou e foi caminhando. Nem ao menos falou com Kaneda
ou agradeceu, ou ainda tentou ajudá-lo. Kaneda achou isso muito estranho.
– (Droga...) Ei, pessoal! – Kaneda gritou, enquanto Sodom o agarrava.
Da escuridão surgiram Chun Li, Ryuji e Iori, todos prontos pra batalha. Birdie e
Sodom olharam assustados e furiosos. Já Rolento deu um sorriso sarcástico.
– Hwoarang! Volte para nos ajudar! – gritou Rolento.
– O quê?! – Kaneda não entendeu.
– Acabe com o Sr. Kaneda Jones... Hahahahaha!
Hwoarang partiu pra cima de Kaneda com um chute voador. Kaneda apenas se esquivou,
enquanto tentava escapar das cordas. O nó tinha sido propositalmente mal-feito,
e logo Kaneda estava livre. Chun Li atacou Rolento, enquanto Iori pegou o inimigo
Birdie e Ryuji atacou Sodom.
– Hwoarang...? O que há com você? – Kaneda não entendia.
– Eliminar... Eliminar... Kaneda!
Hwoarang atacou com um forte Dankuukyaku. Os três chutes voadores foram defendidos
por Kaneda. Hwoarang tentou soca-lo, mas surpreendentemente Kaneda se levantou do
chão e começou a... voar! Ryuji e Iori não puderam deixar isso passam em branco,
e tiveram que olhar. Até o próprio Rolento se assustou.
O chute de Hwoarang passou reto, e Kaneda jogou seis bolas de fogo nele. Isso mesmo,
agora Kaneda havia aperfeiçoado mais ainda seus poderes! Hwoarang, atingido pelo
golpe, caiu no chão. Rolento viu também Iori atacando Birdie com sua espada, jogando-o
nas latas de lixo.
Ryuji, totalmente fora de si, atacou com sua espada na cabeça de Sodom, quebrando
seu elmo. O kabuki caiu no chão, e nem teve força – e coragem – para
continuar lutando, levando um golpe num dos rins. A espada saiu ensangüentada, e
Sodom não se levantou mais. Agora Ryuji partiu pra cima de Rolento!
– Droga! Apoio! Precisamos de vocês! – gritou Rolento.
– Apoio...? – Chun Li parecia não entender.
– Merda! – gritou Iori, vendo mais de trinta homens surgindo com fuzis.
Kaneda apenas se virou, agarrou Iori e saiu voando com ele. A escolha foi óbvia:
além de Iori ser um grande amigo, Chun Li e Ryuji tinham habilidades atléticas melhores
e poderiam sair dessa. Kaneda se afastou olhando para Hwoarang, que o encarava furiosamente.
Alguns quarteirões depois, Kaneda e Iori descansavam enquanto esperavam por Chun
Li e Ryuji.
– Nossa Kaneda, que demais! Como aprendeu a voar? – Iori ficou empolgado.
– É o meu elemento... Mas eu sei que você também tem muitos truques novos.
Não seja modesto... – Kaneda falou, mas parecia preocupado com outra coisa.
– É verdade...
– Eu não consigo entender... O que houve com Hwoarang?
– Humf, e ainda pergunta? Aquele traidor foi pro lado de Bison! – Iori
ficou sério novamente.
– Não, não foi isso não...
– A mente dele foi dominada! – Chun Li disse, acabando de chegar.
– O quê?! – Kaneda se assustou. – Até isso M. Bison pode fazer?
– Sim... Aquele desgraçado! – Chun Li ainda estava com muita raiva.
– Mas Ryuji, o que houve com você? – Iori perguntou.
– Comigo?
– Ah, não se faça de besta! Eu vi o que fez com Sodom. Você não é assim, cara!
– Eu não sei... Fui tomado pela fúria, mas ainda não entendi o que houve...
– Muito estranho... – Iori ainda estava bem desconfiado.
– Bom, minhas férias já foram estragadas mesmo! Vamos voltar e fazer a missão!
– Kaneda se levantou.
– Mas... Vai deixar Hwoarang? – perguntou Chun Li.
– Nada disso... Vamos para Mriganka, não vamos? Então o salvaremos lá! –
Kaneda sorriu.
Chun Li o observou. Com certeza tinha mudado muito. As cicatrizes no coração se
mostravam agora, num homem amadurecido, calculista e pouco emotivo. Chun Li percebeu
que Kaneda estava no ápice. 'A missão vai funcionar!', pensou ela, sorrindo... |