Conspiração Total

Capítulo XII: A Última Missão

 

Japão, Aeroporto de Okinawa, 24 de Março de 1993

 

'Como Kaneda pode ter deixado Hwoarang pra trás? Está certo que era um babaca, mas mesmo assim... Será que ele não liga mais pros amigos? Será que me deixaria pra trás nessa missão?...'. Esses e muitos outros pensamentos povoavam a mente de Iori. Desde que Chun Li os deixou, em Tóquio, ele começou a achar que estaria sozinho nessa.

 

– Acho que já 'tá bom, né? – brincou Iori, com a despedida de Kaneda e Sakura, que estavam um pouco afastados.

– Deixe-os, Iori, hehe. O amor é... – Ryuji falava quando subitamente foi chamado. – O quê? Quem?

– Ryuji, é você mesmo?

Ryuji e Iori se viraram viram um garoto no chão. Assim como Ryuji, era cheio de tatuagens. Estava tentando se levantar, e parecia muito ferido. Quando levantou sua face, Iori quase pulou pra trás. Os olhos eram muito profundos, e pareciam revelar alguém obstinado. No entanto, o jeito de olhar e o modo como falava parecia denunciar alguém não confiável.

– Ryuji, me ajude!... Eles... Eles tentaram me matar!... Eu falhei... Tentaram me matar! – disse ele, um pouco aflito.

– Shiryu, o que houve?

– O conhece, Ryuji? – perguntou Iori.

– Sim... Iori, podia nos deixar sozinhos?

 

– Eu voltarei, Sakura. Pode ficar calma. – disse Kaneda, sorrindo.

– Eu sei que você voltará! Só queria poder ir com você... Tantos desafios!

– Kaneda, traga meu filho nem que seja a força! – Kim parecia implorar.

– Eu o farei, Sr. Kim. Pode ter certeza! – Kaneda demonstrava muita confiança.

– Promete? – pediu Kim.

– Ele não pod... – Takashi foi interrompido.

– Eu prometo! – disse Kaneda, dando um último beijo em Sakura e se aproximando de Iori, que estava sozinho.

 

– Eu entendo, Shiryu... Foi assim que meu pai morreu. A Yakuza não perdoa falhas. Mas por que veio atrás de mim? – indagou Ryuji.

– Eu soube que se rebelou... E que acabou com a Yakuza de Tóquio, junto com seus amigos. Eu os odeio! – as últimas palavras pareceram ser bem sinceras, e foram elas que fizeram Ryuji acreditar no garoto.

 

– Quem é aquele com o Ryuji, Iori? – perguntou Kaneda.

– Sei lá! Disse que o conhecia...

– Parece que estão vindo pra cá.

– Pessoal, esse é Shiryu. – disse Ryuji, apontando para o rapaz.

– É, e daí? – perguntou Iori.

– É... Bom... Ele quer se aliar a nós. – Ryuji pareceu desconcertado.

– Bom, eu confio em você Ryuji. Mas estamos saindo de viagem agora; quando voltarmos poderemos hospedá-lo. – disse Kaneda.

– É... Eu acho que não entendeu, Kaneda...

– Eu quero lutar contra a Shadaloo! – disse o garoto.

 

A Interpol costuma ser bem seletiva. Ainda mais com seus agentes de campo. E uma missão como essas, que consiste em explodir um país, não é qualquer coisa. Kaneda e Iori não gostaram muito da idéia, mas acabaram sendo convencidos – não muito. Chun Li também não gostou, mas seus superiores acabaram autorizando. Shiryu entrou como um freelancer. A viagem foi adiada em um dia.

 

EUA, Nova Iorque, Noite de 25 de Março

 

O bar estava lotado. Muitos não entenderiam o porquê de Kaneda, Iori, Ryuji e Shiryu estarem aqui, mas o objetivo de Chun Li era claro: chamar a atenção de Mriganka. Kaneda e Iori já eram Guerreiros Mundiais, mas ainda assim os mais de dois anos de exílio fizeram com que fossem de certo modo esquecidos... Estavam aqui para mostrarem que ainda estavam vivos!

– Quem vai primeiro? – perguntou Kaneda.

– Mande o novato... Vamos ver do que ele é capaz! – falou Iori.

– Boa idéia. Ryuji, coloque o seu amigo na arena. Eu vou escolher os desafiantes.

– Está certo, Kaneda.

 

Ryuji colocou Shiryu na luta, falando com os juízes. Antes, porém, Kaneda já tinha ido na bancada de juízes avisando que o garoto teria cerca de quinze oponentes. Ryuji, ao ver isso tomou um baita susto, pois achou que seu jovem amigo não seria capaz.

– Kaneda, acho que está exagerando!

– Se eu pude quando era mais fraco, ele deverá poder. Além do mais, se não puder, de que adianta participar da missão? – falou Kaneda.

– Gostei dessa, haha! – exclamou Iori.

A luta começou. Foi muito difícil para Kaneda arrumar os oponentes, pois Shiryu ainda é um iniciante! Mas bastou Kaneda dizer que era o tal Kaneda Jones de três anos atrás que muitos começaram a aceitar. Shiryu começou a contar os oponentes. 17!

Ele sacou sua ninja-to. Logo vários partiram e Shiryu saltou para longe deles, jogando vários shurikens. Muitos caíram gritando. Ele continuou o ataque, fazendo a lâmina de sua espada dançar e causar vários danos letais. Shiryu não parecia estar consciente de seus atos. Parecia tomado pela fúria, lembrando até mesmo o lendário embate de Miyamoto Musashi contra toda a Academia Yoshioka.

Após muitos golpes trocados, vários shurikens estavam no chão, cheios de sangue. Outros ainda permaneciam nos corpos dos seus oponentes. Muitos deles já estavam deitados. Um pouco de sangue escorria pela boca de Shiryu. Ele parou e contou novamente. Cinco oponentes.

Um deles atacou com muita fúria. Shiryu apenas deu um passo pra trás enquanto a lâmina de sua espada atravessava o tronco do inimigo. Ele o jogou no chão. Shiryu olhou ameaçadoramente para seus quatro oponentes restantes. Amedrontados, trocaram olhares, parecendo um querendo empurrar o outro para a morte certa. Desistiram. Shiryu venceu.

 

(Qual é a dele? Pensa que isso é ser ameaçador? Vai ver do que sou capaz!) – pensou Iori.

 

Algumas horas depois, os quatro voltavam para o hotel. Faltava pouco tempo para amanhecer. As lutas de Kaneda, Iori e Ryuji também foram contra vários oponentes, mas não passaram dos 10. As ruas desertas denunciavam que a madrugada já tinha avançado bastante. De repente os sentidos de Ryuji indicaram passos atrás deles.

– Estranho... – sussurrou Ryuji.

– O que foi? – perguntou Iori.

– Parece quê...

– Que estão nos seguindo? E estão, há muito tempo! Desde o bar... – falou Kaneda, com muita naturalidade.

– Como pôde...? Como percebe essas coisas? – indagou Shiryu.

– Eu e o vento somos só um! Senti calor humano nas proximidades. E as ruas estão desertas. Chun Li disse que nos seguiriam. É simples concluir isso!

– E o que faremos com eles? – perguntou Iori.

– Deixe que nos sigam. Foram as instruções de Chun Li.

 

Mriganka, Aeroporto da Ilha, Manhã de 28 de Março

 

Kaneda, Iori, Ryuji e Shiryu aguardavam. Foram abordados muito antes de suas malas serem vistas. Foi por isso que Chun Li mandou que lutassem no bar antes: deveriam ser pegos sem que soubessem das bombas nas malas. Agora aguardavam os homens que iriam interrogá-los. Kaneda olhou para os lados e percebeu uma câmera. Seria fácil acabar com ela.

– <O que faremos?> – cochichou Shiryu.

– <Na hora você verá, seu pivete!> – respondeu Iori.

– <Silêncio, eles estão vindo!> – avisou Kaneda.

 

– Bom, aqui estão os Street Fighters! – disse um dos três interrogadores. – Pensam que não os conhecemos? Acabaram com a Yakuza de Tóquio e enfrentaram o Sr. Bison, sendo derrotados!

– É... Mas melhoramos muito desde esse dia! – disse Kaneda.

Ele ativou seu Chi e jogou uma rajada de gelo, congelando a câmera. No mesmo instante Ryuji tirou cinco ou seis shurikens do bolso e jogou contra um dos homens, que caiu agonizando no chão. Iori apanhou rapidamente a espada na mala, enquanto seu alvo sacava uma pistola. Shiryu ficou assustado, vendo. Kaneda deu um poderoso Soco do Dragão no terceiro, derrubando-o no chão. Iori acertou seu oponente na jugular, fazendo o sangue jorrar.

'Vamos acabar com isso!', gritou Iori. Sua espada cortou o ar duas vezes mais, acertando os outros dois oponentes, mandando-os para o outro mundo. Kaneda e Ryuji ficaram olhando assustados. Iori sempre foi irritadiço, mas não um assassino! Quando quase matou Cody foi um acidente! Pelo menos assim queriam pensar...

– Ei, vão ficar todos olhando pra mim? Vamos vestir logo as roupas desses caras e vazar! – falou Iori.

– Mas só tem três roupas... E eu? – perguntou Shiryu.

– Tem uma sala ao lado com alguns guardas... Se vira, meu! – gritou Iori.

– Vamos lá, eu te ajudo! – disse Ryuji, acompanhando-o.

 

Em alguns minutos cerca de vinte guardas armados chegaram na sala. Mas os quatro já não estavam mais lá. Agora andavam pelas ruas de Mriganka. Logo encontrariam o lugar. Assim esperavam.

Mas não foi tão fácil. Já era fim de tarde e não tinham encontrado a bendita "Ordem da Unidade Celestial"! Mas Kaneda sentiu algo. Um distúrbio no Chi. Parecia que havia uma grande concentração num lugar próximo. Virando-se para a esquerda enfim pôde ver uma vasta catedral.

– Encontrei! – disse Kaneda, um pouco aliviado.

– Aonde? – algumas vozes soaram.

Kaneda apontou para a catedral. Ele foi na sua direção, e seus amigos o acompanharam. Kaneda parecia não sentir medo algum. Afinal, quem ia proteger uma catedral do povo? Além do mais, estavam disfarçados como soldados!

Mas os garotos foram ingênuos demais. Sempre viveram como lutadores, e não como investigadores e espiões. Se esqueceram do incidente do aeroporto durante a manhã, e com certeza já eram procurados. Alguns soldados conversavam na porta da catedral quando viram Kaneda e os outros.

– São eles! – um deles gritou.

– Ih, sujou! E agora, Kaneda? – perguntou Iori.

– Temos que fugir!

A fuga desesperada começou. E o pior é que nada conheciam de Mriganka! Kaneda percebeu que só um recurso poderia ser usado...

– Eeeeeeeiiiiiii! – gritou Iori, ao ser puxado pelo ar por Kaneda, já voando.

'Muito esperto. Vou ter que me virar com Shiryu!', pensou Ryuji.

– Nós vamos procurar como fugir! – gritou Ryuji, jogando sua mala com uma das bombas para Kaneda, que a agarrou no ar e fez um sinal de positivo com a mão.

 

– Está certo... Vamos fazer o serviço agora, Iori!

– T-tudo bem... Só não voa muito alto, 'tá? – disse ele, um pouco assustado.

– Hehehehe, tudo bem!

 

Já fazia cerca de meia hora que Kaneda e Iori estavam observando a catedral. Agora usavam roupas casuais, tiradas de suas malas – trazidas para uma situação como essa, por prevenção. Se trocaram na mesma moita em que observavam a movimentação agora.

Kaneda observava atentamente. Mas o mesmo não acontecia com Iori, que estava muito impaciente. Olhava para todos os lados. Mas de repente viu algo interessante. Percebeu que um riacho passava do seu lado e acabava alguns metros a frente, num tipo de cachoeira. Kaneda estranhou quando o amigo foi lá ver do que se tratava, mas não perguntou nada.

– <Kaneda, vem cá!> – sussurrou Iori, gesticulando muito.

– O que houve? – perguntou Kaneda, já bem perto dele.

– Olhe isso. – Iori apontou para a pequena cachoeira.

– Sei... Mas qual é a importancia disso?

Iori deitou no chão. Pediu para Kaneda segurar seus pés. Ele então ficou dependurado e tomou um impulso, se jogando contra o que devia ser o paredão de rocha. Seu impulso repentino fez com que Kaneda o soltasse, e ele começou a procurar Iori. Kaneda logo levantou vôo novamente, e começou a descer. Ele tomou um grande susto quando viu uma... caverna!

 

– Sim, Shiryu. Essa lancha será de grande ajuda. Preciso que distraia aqueles soldados. – falou Ryuji.

– O que quer que eu faça? – perguntou o garoto.

– Saia correndo perto deles. Eu pularei na lancha e te alcançarei pelo mar. Você salta nela e nós fugimos para o litoral tailandês!

– Certo... Mas e Kaneda e Iori?

– Eles vão ficar bem...

 

Kaneda viu uma vasta caverna que ficava bem embaixo da catedral. De dentro dela, Iori acenava com um sorriso. Eles caminharam um pouco pela caverna. Ela era bem longa, e com certeza agora nem precisariam entrar na catedral para ativarem as bombas!

 

– C-como descobriu isso, Iori?

– Hehe, eu sou demais mesmo, não é? – disse ele, com um sorriso.

– Arme as bombas depressa, Iori. Isso é com você!

– 'Tá bom, 'tá bom!

Alguns minutos depois as bombas já estavam armadas. Com certeza a explosão seria grande o suficiente para atingir as torres da catedral e provocar a ativação da bombas atômicas. Kaneda se virou para Iori.

– Vamos embora! – e saiu correndo.

– Pô, a gente podia voar agora!

– Quando for preciso, voaremos!

As duas figuras saíram da caverna e foram correndo através da ilha. A noite vinha chegando. Logo já estariam no litoral e poderiam ir voando para o litoral tailandês. 'Será que Ryuji e o moleque estão bem?', pensou Iori. Mas logo sentiu o braço de Kaneda o segurando.

– Vá na frente.

– Do que está falando, Kaneda? Qual é...?

– Eu disse pra ir na frente! – disse Kaneda, apontando pra Hwoarang.

– 'Tá certo, entendi...

Kaneda viu Hwoarang sentado. Seu olhar vazio parecia não olhar para nada. O japonês se aproximou. Quando Hwoarang o viu, tentou atacá-lo loucamente. Mas não era isso que Kaneda queria. Ele queria salvar Hwoarang, e não acabar com ele! Logo imobilizou o coreano e olhou profundamente em seus olhos...

 

– Droga, o Kaneda não vai me salvar... Do jeito que ele anda ultimamente, é melhor não esperar muito não... Vou me virar sozinho! – disse Iori.

Apenas um homem vigiava uma lancha muito bonita e sofisticada. Iori tinha aprendido um pouco sobre lanchas no treinamento da Interpol. Sem hesitar, ele saltou sobre o oponente, derrubando-o com um único golpe. 'Humf, mais fácil do que imaginei!', sussurou Iori.

– Não pense que é tão fácil assim, garoto! – soou uma voz.

– Su... Sujou! – Iori olhou ao redor e viu vários homens apontando armas de fogo contra ele.

 

– Eu não sei o que fizeram com você, Hwoarang... Mas se está me ouvindo, fuja daqui! Esse lugar vai explodir logo, logo! Fuja daqui, certo?

Kaneda não pôde falar nada. Muitos homens começaram a se aproximar. E com certeza, Hwoarang não ia querer ir com ele. Kaneda concentrou suas forças, levantou vôo e partiu o mais rapido possível. Logo viu Iori. 'Droga, já se meteu em problemas!'. Kaneda não pensou duas vezes. Fez um veloz vôo rasante e agarrou Iori, livrando-o dos soldados.

– Kaneda?!

– É... Sou eu!

– Pensei que não viria mais! Já estava arrumando meu transporte!

– É, eu vi... – disse Kaneda, com um sorriso.

 

Enquanto isso, na parte de baixo da base alguém estava furioso. Hwoarang chegou com notícias nada agradáveis. Com certeza esse lugar era precioso demais para ele. Mas tempo era o que não tinha.

– Isso jamais será esquecido! Esses jovens irão pagar! Ainda bem que Sagat, Vega e Balrog não estão aqui! Venha comigo, Hwoarang. Vamos para o meu jato! – disse M. Bison, muito furioso. – Ou melhor, tenho outros planos para você. Pegue uma lancha e vá atrás deles!

– Sim senhor! – disse Hwoarang, partindo com vários soldados. E sempre com o seu olhar vazio.

 

Já na praia, Kaneda e Iori descansavam na areia. Puderam ver uma lancha, mas não acharam Ryuji e Shiryu. O céu já estava escuro. Kaneda ainda estava ofegante pelo esforço. Iori se levantou e apontou para Mriganka. Uma luz pôde ser vista, e um cogumelo começou a se formar. O som ainda não tinha chegado até o litoral tailandês.

– Que pena que Ryuji não viu isso, não é Kaneda? – disse Iori.

– E quem disse? – falou Ryuji, saindo de trás de uma árvore com Shiryu.

– Fizemos um bom trabalho... – disse Kaneda.

– É, mas parece que você não está feliz, Kaneda... – disse Iori.

– Hwoarang... – disse Kaneda, abaixando a cabeça.

– É uma pena... – disse Ryuji.

Iori saiu um pouco dali e foi observar o mar. Enfim o som da explosão chegou, estremecendo tudo. Ryuji e Kaneda ficaram ali, cabisbaixos. Shiryu se deitou, exausto. Iori então percebeu algo no mar. Ele viu que algo se aproximava com muita velocidade. Era uma lancha! Quando chegou mais perto, Iori percebeu que Hwoarang estava nela!

– Não, Ryuji, não é uma pena não... – disse Iori.

– O quê?! – se assustou Kaneda, ao sentir o Chi de Hwoarang.

Todos ficaram de pé, esperando a lancha de aproximar. E isso não demorou muito. Ela chegou e todos desceram, com muita pressa. Hwoarang veio na frente. Ele ficou olhando para Kaneda. Saltou sobre ele, desferindo um chute. Kaneda se defendeu do golpe.

– O que quer, Hwoarang? Sou eu, o...

Kaneda nem pôde terminar de falar. Hwoarang saltou sobre ele novamente, deferindo um Dankuukyaku. Os quase trinta homens finalmente chegaram. Eles apontaram suas armas de laser para Shiryu, Iori e Ryuji, que ficaram parados. Os três chutes jogaram Kaneda longe.

– Kaneda, faça alguma coisa, senão ele vai acabar com você! – gritou Iori.

– É, eu já entendi, Iori. Se é isso que quer, Hwoarang, é isso que terá! Mas espero que se lembre da nossa amizade antes da sua morte. Que se lembre que prometemos um ao outro que melhoraríamos sempre, e que nossa luta não teria fim! Espero que esse golpe lhe traga as lembranças que fazem de você o Hwoarang que conheço!

Kaneda começou a concentrar seu Chi no seu mais poderoso golpe; o Bola de Fogo Múltipla. Hwoarang ficou apenas olhando. Ele sentiu um grande aperto no coração. Percebeu que estava fazendo tudo errado, e que não devia se render a M. Bison! A seis bolas de fogo atingiram o corpo de Hwoarang, e ele nem tentou se defender. Caiu no chão, com severos ferimentos.

– Shinkuu... Hadouken!

Kaneda limpou o sangue no canto da boca – conseqüência do Dankuukyaku – e partiu para perto do amigo caído.

– Hwoarang, você está bem?

– Pare! – disse Hwoarang, sentando-se na areia da praia – Não se aproxime! Eu ainda estou sob o controle de M. Bison, portanto não sei por quanto tempo irei resistir! – Hwoarang parecia sentir muita dor.

– Hwoarang...

Nesse momento, os soldados perceberam que algo estava errado. No entanto, nada fariam a menos que alguém mais importante que Hwoarang lhes dessem uma ordem. E a ordem foi dada. Nas suas mentes, o Theon que estava com eles ordenou a morte de Hwoarang. Os tiros de laser atingiram o corpo de jovem, fazendo jorrar sangue para todos os lados. Ele ia cair, mas foi amparado por Kaneda.

– Hwoarang...!

– Kaneda... <ugh>... Acabe com... <ugh>... Me vingue... <ugh>... – seus olhos se fecharam, para não se abrirem mais.

– Hwoarang... – a lágrima escapou de um dos olhos de Kaneda. – Vão pagar!!! – gritou ele, partindo pra cima dos soldados.

 

Percebendo o momento, Iori e Ryuji também atacaram. Shiryu apenas ficou observando a ação. Os disparos faziam rastros no ar, e alguns deles atingiram os jovens. Mas seus poderes já eram enormes. Iori, concentrando muita energia, se transformou num ser de fogo, um dos melhores poderes de seu elemento.

Ryuji começou a atacar loucamente, e as cabeças começaram a rolar. Kaneda jogou bolas de fogo para todos os lados. Ele ainda congelou o Theon e desferiu um poderoso Tameshiwari nele, quebrando algumas costelas dele.

Número não significava muito quando Kaneda, Iori e Ryuji lutavam. Quando viram que perderiam, começaram a voltar para a lancha. Um deles ficou, e sacou uma bazuca. Shiryu percebeu que sofreria severos ferimentos se não agisse, e o atacou, tomando a bazuca. O disparo atingiu a lancha, que explodiu.

Caído, o dono da bazuca ainda pegou uma pistola laser e atingiu várias vezes Shiryu, que caiu no chão. Ryuji, com muitos ferimentos, também caiu. Iori tentou dar alguns passos e acabou se lembrando do incidente de dois anos atrás, quando ele e Kaneda foram fuzilados num hotel em Tóquio. 'Não posso perder os sentidos!', ele pensou. Mas não adiantou...

 

– Hwoarang... Hwoarang... Hwoarang!!! – Kaneda caminhava em direção ao corpo com o rosto coberto de lágrimas.

 

Tudo começou a girar. Os passos de Kaneda começaram a ficar cada vez mais difíceis de serem dados. Seus pés já arrastavam muita areia. Mas enfim pôde ver a poça de sangue. Caiu de joelhos do lado dela. No entanto... O corpo tinha sumido!

– O quê? Cadê o Hwoarang?

Mas Kaneda não teve tempo de pensar. Tinha muita hemorragia. 'Se morrerei aqui, morrerei feliz! Só queria ver Sakura uma vez mais... No entanto, cumpri meu dever!', pensou Kaneda, quando já não podia abrir mais os olhos. 'Mas onde estará Hwoarang? Estará vivo? Não conseguirei morrer com essa dúvida!'. Mas Kaneda não pôde imaginar mais nada. Ele apagou. E dessa vez não tinha certeza alguma de que iria acordar novamente.