Conspiração Total
Capítulo XVII: Enfim
Tudo Acabado
Japão, Zona Rural, 4 de Junho de 1993
Após uma longa caminhada, Hwoarang finalmente chegava no antigo dojô de Goutetsu.
Ele viu o belo templo. Também viu um homem muito idoso, que varria o lugar. Ele
olhou para Hwoarang e se aproximou do jovem taekwondista:
– O que deseja, meu jovem? Há muito tempo não temos visitantes... –
ele sorriu.
– Quero os manuscritos.
– Manuscritos?
– Sim. Do Ansatsuken e do Shun Goku Satsu.
– Perdão, mas não poderei entregá-los para você. – o sorriso do velho
se transformou numa triste expressão.
– É uma pena...
O velho ia se virar, mas então percebeu o chute de Hwoarang. Foi acertado pelo poderoso
Dankuukyaku três vezes, caindo no chão inconsciente. Hwoarang observou seu oponente
no chão e entrou no dojô. Viu um livro aberto de frente para a entrada.
Conferiu. Era exatamente o que queria. Hwoarang pegou os manuscritos. Saiu correndo.
Entre o dojô de Goutetsu e a casa de Ryu havia duas florestas, e entre elas, um
campo aberto. Hwoarang já estava nesse campo quando foi surpreendido por Ryu.
– Hwoarang? É você mesmo? Como está vivo?
– ... – ele não parou.
– Ei! – disse Ryu, segurando o seu braço. – Tirou isso do dojô
de Goutetsu-sama?
A expressão de Ryu Mudou. Ele ficou em posição de luta. Hwoarang deixou o livro
no chão e fez o mesmo. Ryu viu que tinha algo errado com o coreano. Ele se lembrou
de sua história de mente dominada que Kaneda tinha contado e percebeu que teria
que lutar.
Ryu partiu pra cima com um poderoso Soco do Dragão que Hwoarang defendeu. Ryu preparou
sua Rajada de Fogo, mas Hwoarang subiu aos ares e o atacou com os três chutes do
seu famoso Dankuukyaku. Ryu caiu, e ficou fazendo força para se levantar. Hwoarang
sorriu, pegou o livro e se foi.
– Droga... Tenho que pegá-lo! – Ryu se levantou e saiu correndo atrás
dele.
– Por que quis pegar esse caminho, Kaneda? Era tão mais fácil seguir o caminho
normal. – reclamou Iori.
– Não sei... Mas... Ei! Olha, aquele não é o... Hwoarang?! – Kaneda
ficou pasmo.
Kaneda viu o amigo correndo na sua direção. Ele saltou sobre o coreano, derrubando-o
no chão. O livro caiu um pouco longe, e Ryu, que chegava, o apanhou.
– Hwoarang, você está vivo! Não acredito, cara! É você mesmo? – Kaneda
não parava de falar.
– Sai... de cima!
– Kaneda, ele está dominado! – disse Ryu.
– Droga! Iori, vai na frente!
– Tudo bem... Vamos, Ryu? – perguntou Iori.
– Não... Tenho que devolver esse livro para o seu lugar.
Ryu sumiu no horizonte, e Iori também, mas de lados opostos. Kaneda ficou olhando
para Hwoarang. 'Sou eu...', ele dizia. 'Tenho... quê... pegar... os... manuscritos!',
foi tudo o que Hwoarang respondeu. E ele saiu correndo atrás de Ryu.
– Droga! – gritou Kaneda, ao começar a voar.
– Este é o seu lugar. – disse Ryu, guardando o livro.
Ele fez uma reverência, e saiu do dojô. Então viu Kaneda se aproximando pelo céu,
descendo na clareira na floresta. Alguns segundos depois, antes que Kaneda pudesse
falar alguma coisa, Hwoarang chegou correndo.
– É, Ryu, é isso. – disse Kaneda, antes que Ryu pudesse perguntar. –
Bom, vá atrás de Iori. Eu sinto que precisará de ajuda contra Akuma. Eu cuido de
Hwoarang.
– Tudo bem, Kaneda. – Ryu saiu correndo.
– Hwoarang, sou eu, o Kaneda...
Mas Hwoarang não queria conversar. Partiu pra cima com um poderoso Chute Tesoura,
atingindo com seus dois chutes os braços de defesa de Kaneda. Kaneda não pôde defender
muito bem, pois concentrava o sua Rajada de Gelo. Ele atacou e congelou Hwoarang.
– Hwoarang... Você tem que me escutar...
Hwoarang explodiu a camada de gelo que o segurava. Tinha alguns ferimentos no corpo.
Ele atacou Kaneda novamente, dessa vez com um Dankuukyaku. Kaneda se defendeu novamente.
Hwoarang tentou prosseguir com um chute duplo, mas Kaneda foi mais rápido e o acertou
com um forte soco. Não era um soco comum: ele concentrou seu Chi e o feriu com seu
Tameshiwari.
– Ooofff! – gritou Hwoarang, quando o golpe o atingiu na estômago.
– Droga! Hwoarang, pare! Vença este que domina sua mente! – Kaneda não
desistia.
Mas Hwoarang não queria conversa. O atacou dessa vez com três chutes no chão, a
sua Giratória Dupla. Kaneda se defendeu novamente. Ele então se ajoelhou e abriu
os braços:
– Hwoarang, eu desisto. Faça o que quiser.
– ...
Hwoarang começou a fraquejar. Kaneda percebeu que estava resistindo. Mas, por ironia
do destino, ele se virou e viu o livro. As ordens de Aka Zahn voltaram a sua mente,
e Hwoarang não pôde resistir. Concentrou-se e desferiu um fortíssimo Chute Voador
em Kaneda, subindo pelo ar. O karateca não se levantou mais.
Hwoarang olhou para seu corpo, com um pouco de remorso. Mas se lembrou de sua tarefa.
Pegou o livro e saiu correndo.
Enquanto isso, Iori caminhava em direção a casa, com passadas curtas. Ele se sentia
amedrontado. Poderia ele vingar Dhalsim como tinha prometido? Então ouviu passos,
virou-se e viu Ryu, que chegava correndo.
– O que ainda faz aqui, Iori?
– Ahn? Ah, não tinha pressa. – respondeu ele.
– Tem algo estranho. Alguns garotos me alertaram sobre homens armados rondando
minha casa. Vamos nos apressar!
– Ok!
Saíram correndo, e logo chegaram na bela casa. A porta estava aberta. Ryu e Iori
entraram, e se assustaram ao verem Chun Li e Sakura amarradas, e onze homens estranhos
ali! Um deles, careca, emanava um poderoso Chi. Aka Zahn!
– O...
O que houve aqui?! – perguntou Ryu.
– Cuidem deles! – gritou Aka Zahn.
– Sujou! – Iori gritou enquanto sacava sua katana.
Três homens partiram pra cima de Ryu, sendo derrubados rapidamente pelo seu Chute
Furacão. Iori cortou os seus dois oponentes, mandando-os para a morte. Os cinco
que sobraram partiram pra cima de Iori. Aka Zahn olhou para Ryu.
– Então você venceu o Torneio... Será interessante!
– Vai pagar pelo que fez com elas! – gritou Ryu, partindo pra cima dele.
Aka Zahn levantou o punho direito. Ryu não entendeu, mas ficou completamente...
cego! Ele se abaixou, e tentou limpar os olhos. Aka Zahn apenas Ryu e começou a
atacar sua mente. Iori, sozinho, se livrou dos cinco oponentes em cinco golpes com
sua espada. Hwoarang enfim chegou, com os manuscritos.
– Hwoarang, que droga, ele matou seu pai, seu idiota! Ele matou seu pai, não
vai fazer nada? – gritou Sakura, ainda consciente.
Só nessa hora que Iori viu o corpo de Kim no chão. Hwoarang se virou e o viu. Começou
a gritar e a segurar a cabeça. Aka Zahn começou a atacar Ryu com golpes físicos.
Iori, percebendo que Hwoarang tinha a mente dominada, enfatizou a frase de Sakura.
– ... Não vou deixar isso acontecer mais!!! A minha mente é só minha, droga!
Vai pagar pelo que fez, quem quer que você seja!
Hwoarang voou sobre Aka Zahn, derrubando-o contra um móvel, que se quebrou. Começou
a enforcá-lo. Ryu enfim recuperou a visão. Nesse instante, mais uma figura não convidada
apareceu. Era Akuma!
– Vejo que uma grande batalha acontece aqui.
– O que faz aqui, Akuma? – perguntou Ryu.
– Hoje é o dia de lutarmos. Está pronto?
– Ryu, você está fer... – tentou alertar Chun Li, com as últimas forças.
– Estou pronto sim! Venha comigo.
Iori apenas observava, pasmo. Ficou sem reação. E se lembrou de Dhalsim, com o sangue
escorrendo pela boca, agonizando, lhe fazendo um último pedido. Iori não conseguiu
ficar sem fazer nada.
– Ei, espere! Você matou meu mestre, e agora vai pagar! – Iori saltou
sobre Akuma, chutando-o.
– Eu não matei seu mestre. Seu amigo o fez antes de mim. – disse Akuma,
se defendendo do chute.
– O quê...? Você está falando do...
– Isso mesmo.
Iori ficou assustado, vendo Akuma sair pela porta e ir com Ryu até o dojô. Saiu
e ficou ali fora, sentado na grama. Enquanto isso, após muitos golpes violentos,
Aka Zahn implorava por sua vida aos pés de Hwoarang.
– ... V-você não entende... Estamos do mesmo lado... Não pode me matar assim...
– Eu sempre fui calmo. Eu nunca matei antes. Mas eu não sou de ferro! A Shadaloo
brincou demais comigo, droga!
Hwoarang chutou-o novamente, com um chute duplo. Aka Zahn ia cair inconsciente,
mas ele não perdoou e desferiu mais um forte Chute Tesoura. Um dos chutes atingiu
Aka Zahn no peito, e o outro no pescoço. O sangue começou a jorrar por sua boca.
– Está acabado. – disse Hwoarang, caindo de joelhos e chorando sobre
o corpo do pai.
– Acabei com o mestre, e agora é a vez do discípulo...
– O quê? Quem está aí? É você, não é Ryuji? – perguntou Iori, olhando
para os lados.
– Parece que teremos uma batalha final aqui, não é? – Ryuji enfim apareceu.
Estava mudado, com uma poderosa aura de energia e olhos vermelhos.
– Tem dúvidas?
Iori partiu com uma espadada, defendida por Ryuji. O sangue jorrou de seu braço
esquerdo. Iori tentou seguir com um chute forte, mas Ryuji o agarrou. 'Isso acaba
aqui!', disse Ryuji, atacando com um Assassino do Inferno mais uma vez.
O corpo de Iori caiu no chão como um saco de lixo. Ryuji terminou a luta usando
todas as suas energias. Se virou de costas, ainda ofegante. 'O próximo é você, Kaneda!
E depois Akuma.', disse ele, olhando para o horizonte.
– Não, o próximo é você! – gritou Iori. Sua espada fez um rastro de
sangue nas costas de Ryuji, revelando a sua coluna vertebral.
– Ugh! – gritou o ninja, caindo.
– Agora vai morrer, seu desgraçado! Pensou que Dhalsim não seria vingado?
Pensou mesmo isso?! Vai pagar caro!
Iori pressionava a espada contra o pescoço de Ryuji. Ele queria mesmo matá-lo. Mas
se lembrou dos ensinamentos de Dhalsim. Se lembro que ninguém tinha o direito de
tirar a vida de outra pessoa. Iori se afastou, guardando a espada.
– Suma daqui e não volte nunca mais! – gritou Iori.
– Não... Acabe logo com isso, Iori.
– O quê?!
A voz de Ryuji tinha mudado. Sua aura tinha desaparecido. Agora parecia ter voltado
a ser o mesmo de antes. Talvez a morte iminente tivesse feito isso. Ryuji derramou
duas lágrimas.
– Eu não consegui vencer essa energia... Me mate. Vamos, acabe logo com isso!
– ...
Iori também ficou com os olhos molhados. Levantou a espada. Ryuji fechou os olhos.
Recebeu o último golpe de sua vida. A cabeça de Ryuji rolou. Iori sentou-se, muito
abalado. Ele se virou e viu Hwoarang, que já tinha desamarrado as garotas e agora
vinha pra fora.
Ryu e Akuma ainda trocavam golpes na arena em cima do dojô. Então viram Ryu caindo,
após levar um duro golpe. Após a queda, ele se mexia no chão, tentando se levantar.
E viram Akuma, saltando sobre ele. Ryu não tinha forças nem para se levantar, mas
mesmo assim o pé de Akuma visava o seu pescoço. E então...
– Shinkuu... Hadouken!
Kaneda chegou voando. Suas seis bolas de fogo atingiram duramente Akuma, que caiu
no chão. Kaneda desceu do vôo. Se aproximou de Akuma, que fazia força para se levantar.
Preparou um golpe.
– Não, Kaneda! – gritou Ryu.
– Mas, Ryu...?
– Essa é uma luta minha. Obrigado, mas deixe ele ir.
– O quê?
Todos se viraram, e perceberam que Akuma não estava mais ali. Kaneda ajudou Ryu
a se levantar. Ele então recebeu o abraço apertado de Sakura, muito ferida. Ryu
foi para dentro da casa, onde Chun Li jazia. Kaneda se aproximou de Hwoarang.
– E então amigo, há quanto tempo! – Kaneda o abraçou e derramou algumas
lágrimas.
– Ih, rapá, sou mais o abraço da Sakura! – brincou Hwoarang.
– Mesmo passando por duas mortes você ainda não perdeu o senso de humor hein!
Mas que história é essa de "abraço da Sakura"? – Kaneda se afastou
e coçou a cabeça, e Sakura caiu na gargalhada.
– Pode ficar frio, seu bobo! – disse Sakura, abraçando Hwoarang uma
vez mais, brincando.
Algum tempo depois, Sakura já tinha se afastado, mas Kaneda e Hwoarang ainda conversavam.
Logo Sakura os interrompeu, falando que Hwoarang tinha visita. Ela o encaminhou
até um quarto. Hwoarang entrou.
– Oi Hwoarang... Vejo que que pai se
foi... Eu sinto muito. – disse Cammy.
– Ironia do destino. Passo 3 anos apagado e, quando volto, me tiram meu pai...
– ele fechou os olhos, e lágrimas correram em sua face.
– Não fique assim... – disse Cammy, se aproximando e acariciando o seu
rosto. – Um rapaz tão bonito e persistente como você não pode se entregar
assim, depois de vencer a morte tantas vezes.
– ... – Hwoarang olhou para os lados, meio desconsertado, mas logo esboçou
um pequeno sorriso e abraçou Cammy de volta... Mas as lágrimas não paravam.
– Sabe Hwoarang... Todo aquele mês que eu te vi naquela cama eu me lembrei
muito de mim... Do meu passado.
– Ih? Sério?!
– É... Desde que me lembro, eu trabalhava para M. Bison... E toda vez que
eu falhava, era assim que eu ficava... Uns quinze dias na cama.
– ...
– Eu fiquei pensando em todo o mal que aquele idiota causou pra tanta gente!
Eu, você, a Chun Li, o Kaneda...
– Que ele tenha uma boa estadia no inferno... – falou Hwoarang, rispidamente.
– É... Mas como eu ia dizendo, eu me identifiquei muito com você, Hwoarang...
– ela afastou seu rosto, que estava do lado do rosto dele, pelo abraço, e
ficou olhando na sua face.
– ... – Hwoarang sentiu o coração bater acelerado. Ela era bonita demais!
Cammy parecia um pouco nervosa. De fato, talvez fosse a primeira vez que ela fizesse
isso. Também talvez fosse a primeira vez que ela se identificasse com alguém. A
dor de Hwoarang, ex-escravo mental da Shadaloo a fez se lembrar de sua dor, contida
pelos poderes de Bison por tanto tempo.
Hwoarang, percebendo o momento, se aproximou para beijá-la. Os dois corações pareciam
bater juntos. Mas... De repente, alguém bateu na porta "Toc! Toc!". Cammy
se afastou, com o susto!
– E que é agora?! Se for outro Revenant eu explodo ele... – Hwoarang
deu um tapa na própria testa.
Sakura entrou no quarto: 'Me desculpem, só vim aqui te avisar que o jantar está
pronto, Hwoarang.'; Hwoarang olhou para Sakura com cara de 'poucos amigos': 'Tá,
valeu. Tchau!'. Ao sair, ela deu um sorriso de criança danada para Hwoarang, aproveitando
que Cammy se virara e olhara para ele novamente. Com certeza, ela só quis sacanear
e estava ouvindo atrás da porta.
– Essa moleca... – disse Hwoarang, balançando a cabeça. – Pois
bem, onde estávamos? – o sorriso de Hwoarang é malicioso.
– ... – Cammy apenas sorriu, se aproximando.
– Posso não ter morrido, mas acho que estou no céu! – Hwoarang a beijou.
– Hwoarang, vai esfriar! – a voz de Sakura soou novamente.
– Droga, 'tô sem fome! – gritou Hwoarang, já afastado de Cammy.
– Acho bom irmos, senão ela não vai parar de encher... Conheço a Sakura há
pouco tempo, mas pelo pouco que conheço já sei sobre sua persistência. – disse
Cammy, rindo.
Kaneda, Iori e Sakura comiam na sala. Cammy e Hwoarang se sentaram para comer com
eles. Iori contou que já tinha se livrado dos corpos de Ryuji, Aka Zahn e dos esqueletos
dos Revenants. Comiam animadamente – também, depois da grande batalha que
tiveram!
– Cadê o Ryu e a Chun Li? Eles moram aqui, não é? – perguntou Cammy.
– Não liga não, Cammy, Ryu foi devolver o livro que SEU NAMORADO roubou e
Chun Li está deitada, se recuperando da surra que SEU NAMORADO deu nela! –
Sakura terminou de falar e olhou sorrindo para Hwoarang.
Todos riram, enquanto Hwoarang apenas coçava a cabeça, sem-graça. Após o jantar,
ainda conversaram um pouco, animadamente. É estranho como uma alegria contagia a
todos depois de um grande perigo ou uma grande batalha.
– Bom, galera, já vou indo. – disse Iori, pegando sua trouxa.
– Já vai embora, Iori?! – perguntou Kaneda.
– Vai tarde! – brincou Hwoarang.
– É... Reservei uma passagem pra 9 da noite. Sally e Jhalsim estão desprotegidos
enquanto não estou lá. E jurei a Dhalsim que ia cuidar deles. – ao terminar
de falar, Iori abraçou Kaneda. Então deu a mão para Hwoarang.
Eles viram a imagem de Iori se perder na escuridão. Mais tarde, Ryu voltou. O sono
foi tomando conta de todos, e acabaram indo dormir. Já no quarto, Cammy falava com
Hwoarang:
– Eu queria dormir sozinha, se não se importasse. Sabe, é a primeira vez que
namoro... Ai... Sei lá... Você entende?
– Mas é claro, gatinha. Posso esperar o tempo que quiser... – Hwoarang
sorriu e piscou pra ela.
Na manhã seguinte, levaram Kim. Kaneda preparou uma pequena balsa, onde colocaram
o seu corpo. As chamas o consumiram, levando-o rio abaixo. Foi um momento muito
triste para todos. Já na hora do almoço, Cammy saiu e chamou Hwoarang para uma conversa.
– Eu queria te fazer uma proposta. Mas não precisa ir se animando que não
é de casamento! – falava ela com um sorriso, tentando animá-lo.
– ... – ele apenas sorriu, ainda entristecido pelo pai.
– Não fui somente eu que me interessei em você. Após ver você lutando, o M-12
se interessou muito, e por isso o salvamos. Depois que fui ferida e você foi com
a Sakura, um agente passou a te seguir. Ele viu você derrotando o Kaneda, e mesmo
que ele tenha cedido no final, você lutou muito bem!
– Oe, que legal... Se bem que não lembro de nada disso. – ele enfim
riu, mostrando os dentes.
– É, eu sei disso, bobinho. – Cammy apertou sua bochecha. – Mas
eles querem que você seja meu parceiro. O Coronel Stefen disse que a só faltava
que eu aceitasse; e você também, é claro. Eu disse que ia ser uma droga, mas se
era pro bem do M-12, eu aceitava. – ela riu novamente, mostrando que estava
brincando. – E então, você aceita, né?
– Para ficar mais tempo com você? Mas é claro! – disse ele, sendo depois
abraçado por ela.
– Mas tem um porém... – ela se afastou novamente.
– O quê? – Hwoarang desanimou um pouco.
– Teremos que partir hoje.
– Partir?
– É. Eles me querem lá hoje. Se você não tivesse aceitado, estaríamos nos
despedindo agora. Se você quiser ficar, eu entenderei...
– ... – Hwoarang olhou para a paisagem. Ele avistou o riacho ao longe.
– Não, eu vou com você. Melhor deixar minhas memórias para trás... E viver
mais uma vez.
– Sábia decisão, rapaz! O melhor que temos a fazer é seguir em frente. Você,
eu, Cammy, Iori, Chun Li, Kaneda, todos não temos nada além de nós mesmos. Sim,
algumas pessoas que nos amam nos cercam, mas não temos raízes. – disse Ryu,
se intrometendo ao se aproximar.
– ... – Hwoarang ficou até meio bobo com as palavras de Ryu.
– Com a morte de Kim, você se igualou a nós. O melhor que faz é ir com ela.
Não adianta acreditar que terá suas raízes de volta vivendo com Kaneda. Ele próprio
é pego pela tristeza às vezes. Espero que sejam felizes, e que evolua muito, Hwoarang.
Assim como quer uma revanche com Kaneda e ele quer te enfrentar, eu também quero
ter a honra de lutar com você algum dia. – completou Ryu.
– Gostei das palavras, cara! E eu que te via como um caipira... hehe... –
pra variar, Hwoarang brincou. Ele esticou a mão para Ryu.
– Os golpes que trocamos nos campos e a forma como me sobrepujou me mostrou
que sempre há o que aprender. – Ryu também esticou a mão.
– Detesto despedidas. Acho melhor partirmos agora. – disse Hwoarang,
soltando a mão de Ryu e se virando para Cammy.
– Achou que ia se se despedir de mim, Cammy? E você também, seu chato? –
Sakura vinha correndo com o eterno sorriso infantil e sarcástico ao mesmo tempo.
– Hehe, Ops! – Hwoarang coçou a cabeça.
– EEEEIIII! Kaneda! O idiota pensou que ia enganar a gente! – gritou
Sakura. Então Kaneda se aproximou, com uma expressão um pouco triste.
– Essa Sakura... – Hwoarang cobriu o rosto com a mão, balançando a cabeça.
– Bom, só espero te rever, amigo. Não vai sair do circuito, né? – perguntou
Kaneda.
– É claro que não! A gente ainda vai se encontrar várias vezes... Amigo!
– Até mais Cammy, foi bom te conhecer! – disse Sakura.
– Até!
– E vê se para de bater em mulheres, hein Hwoarang! – a pequena garota
riu uma vez mais.
– Hahahahaahaha! – ele riu, mas logo ficou sério – Que de hoje
em diante, todos nós tenhamos uma vida sem trevas... Que sejamos felizes, não é
mesmo?
– É assim que se fala. Boa sorte pra vocês, e me desculpem por Chun Li, mas
acho que exagerou com ela, hehe! – disse Ryu, se afastando.
– Tudo eu! Tudo eu! – brincou Hwoarang.
– Bom, até mais... Vamos entrar, Sakura? – propôs Kaneda.
– Vamos.
– A gente se esbarra! – disse Hwoarang, se despedindo de Kaneda e Sakura.
– Até mais, e que eu seja madrinha do casamento, hein! – Sakura ainda
sorria.
– Tá bom, tá bom... – finalizou Cammy.
Kaneda viu Cammy e Hwoarang se afastando no horizonte. Sentiu a mão de Sakura sobre
suas costas. Se lembrou de Iori, que agora estava na Índia. O destino afastava os
três uma vez mais. Mas Kaneda sabia que nunca teria fim. Sempre teria uma batalha.
Sempre teria um motivo para lutar. |