Conspiração Total

Capítulo XXI: As Aparências Enganam

 

EUA, Porto de Metrocity, Noite de 18 de Julho de 1997

 

Um desconhecido iate estava na cidade desde cinco dias atrás. No entanto, a guarda costeira foi subornada para não perguntar nada. Lá dentro, um furioso homem que se achava um deus esbravejava com um servo seu. Mas não era um simples servo. Era seu irmão. E seu irmão pensava: deveria ele, como irmão de um deus, obedecê-lo?

– Você é um covarde mesmo, Urien! – gritou Gill.

– Covarde?! Mas além de Hwoarang e Iori, que mesmo muito feridos iam lutar contra mim, Kaneda Jones chegou lá!

– Kaneda Jones?! Hum, eu já devia esperar por isso... Um simples soterramento e um ataque de Shun Goku Satsu não seriam capazes de matar um dos mais poderosos guerreiros desse mundo. Com certeza ele é um dos escolhidos! – Gill sorriu.

– Ele está muito mais forte... Muito mais forte que há três anos atrás, na sua última luta. Ele é capaz de se converter em ar e viajar pelo seu elemento... E tem um poderoso golpe, onde rajadas de vento te atacam por todos os lados... – Urien estava assombrado.

– Muito interessante... Necro, Twelve e Eiffie morreram mesmo?

– Sim.

– Mesmo tendo sido imprestável e tendo falhado, você me ajudou de algum jeito, seu idiota! Eu errei ao enfrentá-los... Não são humanos idiotas, e sim alguns dos escolhidos. O Livro de Miraha disse isso... Como não percebi? Tudo bem, isso estava previsto. Os escolhidos seriam muito difíceis de serem encontrados, apesar de estarem embaixo do meu nariz. Urien, pode sair.

– ... – Urien saiu em silêncio.

– É melhor chamá-los. Mas deixarei isso passar. Eles não virão, pensarão que quero matá-los. Mas logo terei que chamá-los, pois tenho um outro probleminha. Alguém tenta se passar por mim no Egito... Espero que Guy não me atrapalhe pelos próximos meses. Não quero enfrentá-lo novamente.

 

EUA, Metrocity, 30 de Novembro

 

Mais de quatro meses se passaram. Kaneda, Iori e Hwoarang continuaram morando com Guy. A Interpol continuou procurando por Sakura, mas nenhuma pista foi encontrada. No final de Outubro Kaneda pediu que fosse revelado publicamente que estavam na cidade. Com isso, muitos fãs passaram a importuná-los, mas talvez Sakura aparecesse...

Ingênuo Kaneda. Ela temia fazê-lo sofrer, e por isso só o veria novamente quando tivesse selado para sempre o Shun Goku Satsu. Sakura estava em Metrocity, mas ninguém sabia disso. Talvez Rose soubesse, mas ela entendia a garota. E, além do mais, Rose sabia que ela estava certa.

Na manhã de 30 de Novembro receberam uma visita. Uma morena muito bonita, vestindo roupas árabes entrou no Dojô Genryusai, trazendo consigo um grandalhão ex-campeão de Luta Livre. Seus nomes? Pullum Purna e Darun Mister. A família Purna era uma das mais ricas do mundo, e depois que Pullum saiu pelo mundo para vingar seu avô morto pela Shadaloo, Darun foi enviá-lo para ajudá-la, financiado pelos seus pais. A Shadaloo foi destruída, e a jovem abandonou o circuito. Mas agora, que foi para a perigosa Metrocity, Darun foi enviado com ela novamente.

– Olá, no que poderia ajudar? – perguntou Maki.

– Oi, meu nome é Pullum Purna, e esse aqui é Darun Mister.

– Muito prazer.

– Eu fiquei sabendo que Kaneda Jones e Iori Hakushu estão aqui... É verdade mesmo?

– O que quer com eles? – Maki estava sendo cautelosa.

– Eu sempre quis conhecer os homens que acabaram com a Shadaloo! – a jovem sorriu.

– Ah... É isso... Vou chamá-los. – Maki saiu, mais aliviada. – Ah, entre e sintam-se à vontade! – ela se foi.

Hwoarang não estava. Todos os dias, nesse horário ele costumava visitar Cammy, ainda em coma no hospital. Com certeza, era um milagre que estivesse viva. Os médicos não sabiam se ela se recuperaria ou não. O que disseram no início, sobre o "coma induzido", era pura mentira. Cammy tinha ficado mesmo entre a vida e a morte.

Guy trocava alguns golpes com Iori. O bushin tinha estranhado que a Illuminati não tinha mais feito suas sujas ações em Metrocity, mas acreditou que tivessem se amedrontado com o que tinham feito. Mesmo assim ainda se preparava, e Iori era seu parceiro de treinos.

Kaneda, muito abalado, costumava treinar sozinho. Rose às vezes o acompanhava, mas ela não gostava muito de treinamentos físicos. Ele ficava no telhado na maioria do tempo. Kaneda estava muito mais maduro, parecia que a vida tinha deixado uma cicatriz no seu coração. Mas ele já havia entendido o que tinha acontecido, e no final acabou se culpando.

– Kaneda... Iori...! Visita para vocês!

– Visita? – Kaneda pulou e caiu na frente de Maki. Tinha uma pontinha de esperança que fosse Sakura, mesmo tendo ouvido falar que era também para Iori a visita.

– Sim. Uma garota quer vê-los.

– Opa! Ih Guy, o treino fica pra depois! – Iori foi na frente de Kaneda.

– Quem é, Maki? – insistiu o elementalista do ar.

– Ih, cara, nem conheço... Vem logo vê-la! – ela sorriu.

Kaneda e Iori chegaram na sala e viram os dois. Kaneda, muito desanimado, nem sorriu. Mas Iori, ao ver a jovem, se sentiu extremamente atraído por ela. Foi algo fulminante, como nunca tinha acontecido com ele. Ela sorriu.

– Então vocês são os grandes heróis!

– Olá garota, o que deseja comigo? – perguntou Kaneda.

– Ih, cara seja mais gentil com ela! Sabia que é muito bonita, jovem? Qual é o seu nome?

– Hehe, você é divertido. Sou Pullum Purna, e esse é Darun.

– Muito prazer. Me desculpem, mas tenho que entrar. – Kaneda se foi.

– Desculpe o Kaneda, gata, mas ele está passando por problemas...

– Tudo bem...

– Mas então, por que quer tanto me conhecer? – perguntou Iori.

– Eu queria vingança contra a Shadaloo. Mataram meu avô. Mas você, Kaneda e Ryuji o fizeram por mim! – ela sorriu.

– Interessante... Mas já que você está aqui, que tal dar uma volta comigo? – Iori disse e foi puxando-a.

– Ei, rapaz! – Darun se levantou.

– Tudo bem, Darun... Vamos, Sr. Hakushu. – ela sorriu novamente.

– Só que manda o grandão ficar aí... Tipo... Me incomoda alguém me seguindo.

– Ok. Eu vou dar uma volta com ele Darun, daqui a pouco voltaremos. Eu ficarei segura.

– Tudo bem. Mas tome cuidado, Pullum.

 

– Kaneda, você me empresta a moto?

– Pode pegar, Iori.

– Cara, ele nem perguntou pra que eu queria... 'Tá mal mesmo. – disse Iori para Pullum.

Eles saíram pela cidade. Iori mostrou para ela o pouco que conhecia; a zona comercial, a baía e a praça, locais muito bonitos. Eles se divertiram muito. Já era o fim da tarde quando observavam o pôr-do-sol de um lugar alto.

– Fala sério, você não veio até aqui apenas para agradecer pelo que fizemos, não é?

– Como assim?! – se assustou Pullum.

– Ah, sei lá... Pensei que pudesse rolar algo entre a gente.

– É, você e o Kaneda são dois rapazes bonitos.

– Mas ele tem namorada. – Iori sorriu.

– Eu adoro conhecer gente nova. E gostei de você, Iori.

Iori se aproximou e a beijou. Era isso que ele estava esperando desde que Kimberly, o seu primeiro amor morreu. Esperava uma garota que tirasse o seu fôlego. Mesmo que fosse um simples namoro. Iori não queria mais um conto de fadas. Ele queria alguém para deixá-lo alegre. E Pullum parecia ser a pessoa certa para isso.

– Até quando pretende ficar aqui? – Iori perguntou.

– Ah, sei lá... Mas isso importa realmente?

– Pra falar a verdade... Não! – ele sorriu e subiu na moto. Pullum fez o mesmo e decidiram voltar para o Dojô Genryusai.

 

Enquanto isso, já no Dojô, Kaneda e Hwoarang conversavam. O coreano parecia feliz. Mesmo que sua vida estivesse desmoronando. Parecia ter encontrado uma luz no fim do túnel. Kaneda perguntou o que tinha acontecido, e ele mandou o japonês se sentar.

– A Cammy, cara...

– O que houve?

– Hoje, quando eu falava com ela, por alguns instantes ela tremeu os lábios. E depois, derramou uma lágrima pelo olho esquerdo! – Hwoarang abriu um sorriso e seus olhos ficaram molhados.

– Serio?! E o que os médicos disseram sobre isso? Será que agora poderei curá-la? – Kaneda também se animou. Antes tentou curar Cammy com seus poderes, mas estranhamente ela não tinha saído do coma. O que os poderes de Ravana, ou mesmo Garuda tinham feito?

– Depois ela voltou ao estado que estava... – o coreano entristeceu-se novamente. – Mas os médicos disseram que ela está tentando reagir, que ela tem muita força de vontade. Eles me mandaram esperar. Mas cadê o Iori? E quem é aquele gigante lá fora com o Guy, a Maki e a Rose?

– É o segurança de uma garota que veio aqui hoje. Ela queria me conhecer e conhecer o Iori. Eu emprestei minha moto para ele sair com ela.

– Ahn...

– Ah, você 'tá aí, Hwoarang. Essa é a Pullum! – disse Iori, entrando.

– Ah... Oi, gata! – ele sorriu, mesmo estando perturbado.

– Oi. Iori, pode chamar o Darun? Eu acho melhor irmos.

– Irem?

– Sim... Temos que procurar um hotel.

– Ei, nada disso! Podem ficar! – disse Guy, se aproximando. – Seu amigo é bem legal.

– Sério mesmo? Muito obrigada. – ela corou.

 

Amanheceu o dia seguinte. Maki, logo cedo, se despediu de todos, pois ia para Nova Iorque. Estava um dia muito frio. Com certeza o Natal teria neve, como na maioria dos anos. O céu cinzento ofuscou o sol durante todo o dia. Mais tarde, depois do almoço, um acontecimento pegou todos de surpresa.

– Que estranho, há anos não recebo cartas...

– De onde é, Guy? – perguntou Hwoarang, curioso.

– Meteora, Grécia.

– ...

– Deixa eu ver... Hum... Blá, blá, b... O quê?! Hahaha, até parece que sou idiota!

– O que foi agora? – o coreano perguntou novamente, e todos os outros, com exceção de Kaneda, arregalaram os olhos.

– Gill está nos chamando para fazer uma visitinha para ele. Humf, com certeza que acabar com a gente de uma vez por todas.

– O que faremos? – perguntou Iori.

– Vamos para lá. Vamos para lá e acabaremos com eles! – Kaneda falou antes que Guy pudesse responder.

– É... Mais ou menos isso! – bushin completou, com um sorriso confiante.

 

A tarde passou depressa. Kaneda e Iori trataram de contactar a Interpol, e Hwoarang foi se despedir de Cammy no hospital. Foi uma correria geral. E, num dos quartos, Pullum conversava com Darun.

– Mas Pullum...

– Ah, Darun, vai ser divertido!

– E perigoso. Seus pais não vão gostar nada disso. – o indiano fechou a cara.

– Eles não precisam saber. E tem mais: se não for, eu vou mesmo assim! – ela se enfureceu.

– É claro que eu vou. – ele enfim sorriu. – Você sabe que me preocupo com você, não é? Além do mais, esse é o meu trabalho.

– Eu sabia que iria... Você é demais, Darun! – Pullum sorriu e saltou sobre ele, abraçando-o.

– Mas você, hein, pegou gosto pelo perigo... Eu sabia que a Blair não era boa influência... – Darun se referia a uma amiga rica de Pullum que já tinha sido uma Street Fighter.

– Ah, nem vem dar uma de "papai"! Mas é verdade... Descobri que adoro me aventurar, conhecer lugares novos, pessoas novas...

 

– Iori, eu e Darun vamos com vocês, ok? – perguntou Pullum, já na sala com eles.

– Olha, eu não sei se é seguro.

– Parece que amadureceu, Iori. – disse Kaneda.

– Se é ou não é seguro, não importa. Eu e Darun já enfrentamos perigos maiores.

– Se pensa assim, qualquer ajuda é bem vinda! – Iori sorriu.

– Quanto mais gente melhor. Eu soube que são dois grandes lutadores. – Guy falou e pegou sua mochila, já pronta. – E então, vamos?

– Eu estou pronto. Vou na minha moto. A gente se vê no aeroporto. – Kaneda saiu. – Ah, eu pego o Hwoarang! – ele gritou, já de fora.

– Certo. Vamos então! – disse Iori.

 

Kaneda fez o caminho para o hospital em grande velocidade, mas sua mente estava em outro lugar. Não, ele não estava preocupado com o que ia fazer em Meteora, mas sim com Sakura. Onde ela estaria? Estaria precisando de ajuda? Estaria viva?... Kaneda não queria nem pensar! Enfim chegou. Hwoarang o esperava na porta.

– Hwoarang... E então, a Cammy ainda continua no coma? – perguntou o elementalista do ar.

– Sim, está. – o coreano abaixou a cabeça.

– Sei como se sente. Mas temos que continuar lutando, não é?

– Sim, Kaneda. Sempre foi assim com a gente, nao é mesmo? – Hwoarang faz que sim com a cabeça, suspirando.

– É... Sobe aqui na moto. Temos mais uma luta! – ele sorri. – O avião parte em 20 minutos.

– He, não perco essa por nada!

 

Hwoarang saltou na moto. Logo já estavam juntos no avião da Interpol. A viagem levou cerca de 6 horas, e foi um tanto cansativa. Chegaram nas proximidades de Meteora no começo da manhã – pelo fuso-horário. Caminharam e escalaram – Kaneda subiu voando e carregando Pullum – e mais ou menos na hora do almoço conseguiram alcançar o mosteiro, agora ocupado pelos servos de Gill.

Meteora era uma áerea rural. Uma imensa pedra se erguia no local, onde ficava um monastério, já sendo um patrimônio da humanidade. Mas pouco sabiam que a Illuminati usava o local. Gill sempre gostou dele.

– Ei, tem alguém aí?! – gritou Guy.

– Olá? – saiu um homem vestindo um robe de monge. Seu inglês tinha um forte sotaque grego.

– Oi... Eu sou Guy, de Metrocity.

– Ah sim! Entrem, são esperados.

Ele se foi. O primeiro aposento era bem grande, e parecia ocupar todo o templo. Cerca de cinqüenta homens apareceram, cercando-os por todos os lados. Enfim chegou Gill. Era alto, e muito forte. Tinha angelicais cabelos loiros encaracolados e compridos, e vestia uma roupa de monge também. Ele deu um largo sorriso.

– Olá, vocês são muito bem vind...

– Chega de papo-furado! Esses guardas são pra nos apagar?! – gritou Guy, saltando sobre ele.

Os homens se agitaram e partiram para cima dos cinco, enquanto Gill enfrentava Guy. Kaneda rapidamente desapareceu e apareceu atrás dos seus dez oponentes, jogando 6 bolas de fogo em seis deles, que não se levantaram mais. Os outros quatro o olharam furiosos.

Pullum apenas se defendeu dos seus dez ataques, e Darun tomou vários socos ao lutar contra os oponentes da garota. Dez partiram pra cima de Iori, todos desferindo socos e chutes. Iori concentrou seu Chi e se afastou, tornando-se insubstancial. Outros dez atacaram Hwoarang.

– Dez contra um?! Bah, as coisas começam a ficar interessantes! – o coreano mostrou confiança no rosto. Se era verdadeira ou não, apenas ele mesmo sabia.

Os dez socos atingiram o ar. Hwoarang, com sua velocidade sobre-humana tinha saltado para longe. No entanto, um corpo fora jogado contra ele. Era Guy, arremessado por Gill! O bushin estava inconsciente, sangrando pela boca. Kaneda também caiu no chão, ferido por cinco dos oponentes de Darun, mesmo depois de derrotar todos os seus. O gigante indiano estava no chão, mas tinha levado cinco de seus oponentes!

Pullum, muito inexperiente, não sabia o que fazer. A garota, já muito ferida, ainda se defendia dos ataques. Ela começou a se cansar. Assustada, saltou para longe. Enquanto isso, Gill enfim se manifestou.

– Mas vocês estão loucos?! – ele esbravejou. – Parem agora, senão sofrerão as conseqüências! E agora me deixarão falar?

– Já imaginava que Guy estava errado... Mas gostei quando o meu sangue ferveu. – disse Kaneda. Realmente, estava muito mudado.

– Ei, o que está acontecendo aqui?! – Pullum ainda estava muito assustada.

– Qualé a tua, loirão? Que que você quer com a gente? – Hwoarang pergunta.

– Eu os chamei para conversarmos, e não para que vocês acabassem com meus monges!

– Hwoarang, você não pode ler mentes? Me disse isso uma vez... Veja se ele mente. – disse Kaneda, pegando Guy no colo. – E alguém ajude Darun!

– 'Tá de acordo, loirão?

– Pode ler minha mente. Verá que vocês cometeram um grave engano.

– Falou entao! – os olhos do taekwondista brilharam em roxo enquanto ele encarava Gill.

Hwoarang começou a vasculhar o labirinto que era mente de Gill. Ele enfim sentiu. Sentiu que Gill dizia a verdade. Sentiu que podia confiar nele. Mas, afinal, o que o grandalhão queria com eles? Bom, bastava perguntar.

– Viu? – perguntou Gill, vendo que o "exame" já tinha acabado.

– Parem com essa baboseira, vamos socorrer os feridos! – esbravejou Iori.

– O cara ta limpo. Ele fala a verdade. – Hwoarang cruzou os braços.

– Certo. Mas e então, Gill, o que quer com a gente? – perguntou Kaneda.

– É uma longa história. É melhor cuidarmos dos seus ferimentos e dos meus monges primeiro. Eu preciso resolver umas coisas, e amanhã estarei de volta. Serão tratados como convidados de honra. – ele se foi.

 

Grécia, Meteora, 2 de Dezembro

 

Amanheceu um dia frio, principalmente nessas altitudes. Guy teve um curto coma, e já tinha acordado – mas estava de cama. O susto de Pullum já tinha passado, e a situação já tinha sido esclarecida para Guy e Darun. Gill enfim retornou. Ele foi até o quarto dos feridos para conversar.

– Agora contarei para vocês uma longa história. Com certeza vocês são de suma importância no desenrolar dela, mesmo que ainda não saibam disso.

– Pode falar! – disse Guy, meio que contrariado.

– Desde o seu início, o mundo sempre passou por revoluções. O meteoro que matou os dinossauros e os outros cataclismas são exemplos disso. Sempre que algo está desleal ou muito errado, isso tem que acontecer. Por quê? Para que seja renovado, e sem os erros do passado. O homem nunca passou por um cataclisma assim. Mas a hora está chegando.

– Humf, de novo com seitas apocalípticas... Qualé, Gill! – Guy perdeu a paciência.

– Deixe-me terminar.

– Tudo bem.

– Eu não sou desse mundo. Eu não sou humano como vocês. Eu vim até aqui para garantir que tudo aconteça dentro dos conformes. No entanto, ainda não é a hora. Por enquanto estou aqui para encontrar os Escolhidos. Além de me ajudarem na Revolução, esses humanos viverão e desfrutarão do novo mundo comigo.

– E quando será essa "Revolução"? E o que temos a ver com isso? – insistiu Guy.

– De acordo com o Livro de Miraha, a Revolução será em 2200. Mas perguntou o que vocês tem a ver com isso. Bem, depois do que vi Kaneda, Hwoarang, Iori e você, Guy, fazendo, tenho quase certeza que são os escolhidos. Entrei no circuito para encontrar os Escolhidos.

– Acho que não viverei até 2200... – Hwoarang sorriu.

– Pensei que acreditasse em outras encarnações, coreano!

– Gill, eu agradeço sua atenção e sua hospitalidade, mas agora preciso ir. Além do mais, deixei minha moto no aeroporto! – Kaneda foi se retirando.

– Vocês podem não acreditar, mas nós já começaremos a lutar juntos desde agora! – Gill falou e Kaneda parou na porta. – Esse é o Destino, é assim que as coisas devem acontecer.

– Pare com esses rodeios, droga! Está me assustando! – gritou Pullum.

– Sim, minha jovem. Sei que é importante para Iori, e por isso serei gentil com você. Mas eu os procurei agora não pela Revolução, pois quando chegar a hora, aí sim vocês perceberão que estou certo. Os procurei porque preciso de sua ajuda.

– Até alguns meses atrás éramos oponentes; eu impedindo suas ações ilícitas em Metrocity. O que houve pra mudar de lado? – Guy sentou-se na cama.

– Eu sei que Iori e Hwoarang tiveram uns problemas com a Fênix, uma organização egípcia em 1994. Acontece que Qebesenef, o líder da organização, escapou da cadeia há alguns dias. E existem boatos de que ele vai fazer um reino de terror no Egito. Isso não é bom para vocês, agentes da lei, e eu já falei com a Interpol e o M-12 para agirmos juntos. E para mim, isso é ruim porque ele afirma ser quem fará a revolução que o mundo pede. Temos o mesmo objetivo, eu acho.

– Que organização é essa, Hwoarang? – perguntou Kaneda.

– É Iori, disso eu não sabia. – Pullum olhou para ele.

– Bem... – Hwoarang procura palavras para explicar.

– Foi uma rápida ação contra eles, quando você perdeu para Akuma, Kaneda. – Gill respondeu por ele.

– Sabe bastante, hein! – Guy sorriu.

– Certo, vamos acabar com o "falso deus" pra você, Gill. E quando o faremos? – perguntou Kaneda.

– Esperem. Fênix – como Qebesenef se autoproclama – virou Guerreiro Mundial semana passada. Eu, como promotor do Torneio, resolvi adiantá-lo para daqui a cinco semanas. Essa será nossa chance.

– Então devemos nos preprarar. – Iori se levantou.

– Que seja... – o coreano deu de ombros. – Entrarei em contato com meu patrono, e se receber autorização, não vejo problema algum em chutar a bunda da Fenix de novo.

– Então nos veremos em breve. O Torneio começa dia 5 de Janeiro.

– Certo. Quem quiser falar comigo, estarei no Japão. – Kaneda saiu voando pela janela. Foi até o aeroporto e pegou um vôo particular para o Japão.

– Iori, você vai pra onde daqui? – perguntou Pullum.

– Preciso achar Kairi e Nanase. Quem sabe eu apareço em sua casa; é que eu tenho que cumprir essas promessas.

– Posso ir com você? – Pullum sorriu, e Darun colocou a mão sobre a face.

– Claro, por que não...? – o Hakushu sorriu.

– E quanto a voce, Guy? Vai voltar para Metrocity? – Hwoarang perguntou.

– Sim, Hwoarang. Acho que quer ir pra lá também, não é? Cammy está lá. – o ninja foi se levantando.

– Heh, você nem precisou ler minha mente para adivinhar isso, cara! – o coreano ajudou Guy a se levantar.

– Boa sorte pra vocês, guerreiros! – Gill sorriu ao vê-los partindo.

 

Japão, Zona Rural, 25 de Dezembro

 

Kaneda já tinha se acostumado com a solidão. Ele socava o ar. Estava terminando o seu treinamento no golpe que praticamente copiou de Sakura: o Deslocamento do Dragão. Kaneda ainda treinava quando sentiu uma presença.

– Ótimo golpe! – soou a voz.

– Ryu! – Kaneda sorriu.

– Há quanto tempo!

– É... E então, rodou o mundo novamente?

– Mais ou menos. E você, Kaneda? E cadê a Sakura?

– Nem me fale nisso... Depois eu te conto. Mas e a Chun Li, já foi vê-la?

– Nos veremos no Torneio. – Ryu corou.

– Humf, sei. Mas e então, preparado?

– Acho que sim. E você?

– Como nunca!

– Será mesmo?

– Venha ver! – Kaneda tinha percebido a intenção de Ryu.

Logo eles já estavam trocando golpes. Tinham evoluído muito, principalmente Kaneda. Ryu trazia na bagagem novos chutes e esquivas, mas Kaneda não deixava por menos, enfim testando o seu Deslocamento do Dragão, ou, como era conhecido por Sakura, "Shououken". Kaneda usava esse nome em sua homenagem.

Kaneda, apesar de todas as adversidades, sentia que as coisas melhorariam. Mesmo que nunca mais fosse rever Sakura, mesmo assim ela seria vingada. Akuma que se preparasse, pois o torneio ia começar!